22 de dezembro de 2011

Esperar: um verbo cheio de atitude

Ao contrário do que muitos imaginam,
o verbo esperar não tem nada de "passivo":
implica movimento e mudança (não é isso o que queremos?)


Imagem: Warten auf den Liebsten (1923), Carl Mücke

Em Samba da Bênção, o Poetinha Vinícius de Moraes afirma que "A Vida é arte do encontro/ Embora haja tanto desencontro pela vida/ Há sempre uma mulher a sua espera/ Com os olhos cheios de carinho/ E as mãos cheias de perdão...". Eu penso que a Vida é arte da espera. Você lasca a forma no forno e espera a massa crescer, o bolo ficar pronto. Você investe em seus estudos e espera pelas oportunidades. Você fala e fala e fala com alguém e espera as suas palavras frutificarem. E por aí vai...

Há quatro significados do verbo esperar que me tocam: 1) Ter esperança; 2) Contar com; 3) Aguardar e 4) Armar emboscada a. Todos eles me mostram que um ditado popular aqui no Brasil faz todo o sentido: Quem espera sempre alcança. Por quê? Porque esperar, ao contrário do que o verbo nos levaria a supor, não implica imobilidade, acomodação, e sim, conforme os significados vistos acima, movimento, atitude, ação.

Vejamos: aguardar, entre outros sentidos, é vigiar. Isso é uma ação.

Senior Chief Photographer's Mate Mitchell -
Fonte: U.S. Department of Defense's Defense Visual Information Center

À espera de algo acontecer em minha vida, eu necessariamente não estou assentada num banco de praça ou parada em frente à janela "vendo a banda passar". Estou em alerta. Vigio. Ouço, penso, considero e reconsidero posições, opiniões e comportamentos. Se algo diferente ocorre, fujo, grito, mudo de direção, porque estou em alerta, já que eu espero, ou seja, aguardo, ou seja, vigio.

Esperar também significa contar com. Entre outros sentidos, contar quer dizer ter confiança.

Eis algo dificílimo, que aprendemos muitas vezes graças ao apoio e aos conselhos de pessoas importantes na nossa trajetória, como nossa mãe: "Tenha confiança, meu filho. Vai dar tudo certo". Assim, ao longo dos anos, de confiança em confiança, aprendemos a caminhar, a andar da bicicleta, a dar um mergulho na piscina ou no mar, a falar em público diante dos colegas e a pedir aquela menina linda em namoro (certo?).

Sem a atitude de ter confiança, até mesmo o ato de nos pormos de pé, todos os dias pela manhã, se torna um desafio que nos impõe medo e... Inação. (É só perguntarmos às pessoas que sofrem de depressão como elas se sentem tão sem confiança nelas mesmas, nos outros, na vida.)

Isso nos leva a outro significado de esperar, qual seja, ter esperança.

Lembro, ainda no colégio, um poema que aprendi atribuído ao poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994), o qual me impressiona bastante. Até hoje.

15 de dezembro de 2011

E as águas estão rolando em BH (e como)

Chove sem parar há cerca de 4 dias na cidade que amo, aqui no Brasil.
Neste Post d'A Católica, uma síntese do que ocorre e
um reflexo do meu estado de espírito

(Fotografia de Ana Paula~A Católica - acatolica.blogspot.com)

Nasci e vivo numa cidade que há poucos dias completou 114 anos de criação. Eu amo Belo Horizonte - ou Belô, ou BH, como carinhosamente a chamamos. Amo.

Tenho orgulho de aqui ser o berço do Clube da Esquina (cuja estrela mais reluzente é o cantor e compositor Milton Nascimento); da banda pop Skank; do grupo de dança contemporânea Corpo e do grupo de teatro Galpão. Estamos cercados pela Serra do Curral, comemos pão de queijo, bolo de fubá, feijão tropeiro e couve picadinha e jogamos conversa fora no boteco. Adoro tudo isso.

Acontece que, de quatro dias para cá, a cidade que avisto da minha janela lateral e que vejo nos noticiários na televisão está um tanto irreconhecível: não para de chover. Com isso, a paisagem azul, iluminada e verde está branca e cinza; as pistas onde os automóveis, caminhões, ônibus e micro-ônibus transitam estão alagadas; os canteiros e passeios, amarronzados ou cor de caramelo - é a lama, é a lama, é a lama.

Aqui no Brasil, tem um hino do folclore popular que o povo nordestino costuma entoar, pedindo chuva a São José:

Glorioso São José
Glorioso São José
Dai-nos chuva em abundância
Glorioso São José.

Hoje, posso afirmar: nada em abundância é legal. E isso inclui a chuva.

A água que cai do céu nesses últimos dias aqui em BH é tanta, é tamanha, que confesso a você: estou profundamente irritada. As enchentes que se formaram, alagando vias como as avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado; asfaltos que afundaram e se romperam, ameaçando prédios, como no Bairro Gutierrez; encostas que deslizaram e interditaram túneis, como na BR 356, em frente ao Ponteio Lar Shopping...

... Assistir pela TV ao desespero dos belo-horizontinos é angustiante.

14 de dezembro de 2011

Canção de Marisa Monte para JESUS

Novo CD da artista brasileira tem composição
apropriada para entoar neste Natal,
quando recordamos a vinda de Cristo à Terra


(Photographer: Frank C. Müller)

Remetente: Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)
Destinatário: Menino Jesus

Nota: A exemplo do que fiz no Post As canções que só eu canto para JESUS, apropriei-me do mais recente sucesso da incrível cantora e compositora brasileira para dedicá-lo a Nosso Senhor, neste Natal de 2011. Ainda Bem é de autoria de Marisa Monte e Arnaldo Antunes.


Ainda bem
Que agora encontrei Você
Eu realmente não sei
O que eu fiz pra merecer
Você

Nativity (15th century) - detail: Nude Baby Jesus - Wolfgang Sauber

10 de dezembro de 2011

Quando agimos como... Criancinhas!


Neste Post d'A Católica, confira 10 atitudes nossas
que ecoam a pior faceta da criança que todos fomos!

Imagem: Cartoon Boy and Girl (1913),
Pub by Lowman & Hanford Co Seattle Wash

Mudando de canal nesta semana, me deparei com a seguinte legenda sob a tela da TV: Sociedade Infantilizada. Era o tema do programa Trocando Ideias, da TV Canção Nova, exibido ao vivo nesse 6 de dezembro. Infelizmente não pude acompanhá-lo: estava cansada e fui dormir mais cedo. Mas o sono não me impediu de matutar o assunto em pauta e já na cama levantei os pontos em que muitos de nós somos... Infantis.

"Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham. Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará." (Mc 10, 14-15; Lc 18, 16-17; Mt 19, 14)

Quando Jesus explica isso a seus discípulos, à primeira lida poderíamos pensar que ser infantil é uma qualidade e tanta! Porém, notas como as que constam nas traduções da Bíblia pela editora Ave-Maria e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos esclarecem as palavras do Mestre:

Receber o Reino significa receber Cristo, o Evangelho, a graça. Urge recebê-lo com a simplicidade de uma criança para que se possa entrar nele.

Esta é a característica que a Igreja ressalta nas criancinhas (ou pequeninos) e que todos devemos rememorar e copiar: a simplicidade.

É bom recorrer ao dicionário, a fim de ir a fundo e compreender o significado das palavras. De acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, entre outras coisas, Ser Simples é ser:
1) Sem ornatos nem enfeites, ou seja, Modesto; Sem luxo,
2) De fácil interpretação,
3) Puro; claro,
4) Singelo; inocente e
5) Crédulo.

Todos essas virtudes, que felizmente ainda identificamos em muitas crianças, compõem a simplicidade que Jesus espera encontrar em nós. Nossa grande luta deve ser voltar a incorporá-la ao nosso caráter, ao nosso modo de ser, de sentir e de nos portar no mundo, para que alcancemos o Reino dos céus.

Acontece que o termo infantil implica aquilo que é "próprio de criança". E "próprio de criança" não é somente a simplicidade, e sim uma série de outros atributos, digamos, um tanto negativos... Engraçado: em vez de mantermos em nós a simplicidade da criança, preferimos levar pela vida afora todos esses outros atributos! É uma baita ironia: conservamos na vida adulta "o pior" de uma criança, e não o melhor.

Este Post d'A Católica, portanto, pretende elencar dez características infantis que tornam muitos de nós e consequentemente a sociedade na qual vivemos Infantilizados. Assim,

Como as Crianças....


8 de dezembro de 2011

Tornando o NATAL mais prazeroso

Tenho uma teoria sobre adultos que não gostam do Natal.
Ela revela por que devemos dar importância a essa Data Especial

(Fotografia de Ana Paula~A Católica - acatolica.blogspot.com)

Nunca vou me esquecer de quando li numa das edições da revista brasileira Cláudia uma frase e tanta atribuída ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) : é preciso erotizar o cotidiano. O verbo - que poderia causar polêmica num Blog católico - significa apenas, conforme apreendi da leitura da reportagem, tornar o cotidiano mais interessante, excitante, empolgante.

Li essa frase em torno dos meus 17 anos de idade. E acolhendo os conselhos da matéria jornalística, nunca mais consegui tomar café que não fosse em uma xícara (com asa), cuidadosamente colocada sobre um pires. Vinho, somente em taça apropriada. Talheres dispostos na mesa sobre um guardanapo. Os pães têm a sua faca; a manteiga idem. Nada de misturar, usando uma no lugar da outra.

Tudo isso, que soaria como futilidade e frescura, na verdade, guarda e reflete um desvelo indispensável com a vida, com nós mesmos, com a nossa rotina. Um café em uma xícara de porcelana, em vez de servi-lo em um copo de vidro, dá a ele mais sabor. Sério. É mais gostoso tomá-lo assim. E de cuidado em cuidado, a nossa rotina, da qual a hora das refeições faz parte, torna-se mais organizada e prazerosa.

Pensei nisso, porque estamos na época do Natal.

Com a correria, alguns de nós acabamos protelando o momento de parar com tudo para nos concentrarmos em adornar a casa - nem que seja somente montando a árvore ou o Presépio num canto da sala de estar. Acabamos deixando para lá, adiando... Assim, a noite de 24 de dezembro chega e o nosso lar segue com a cara de sempre: não nos preparamos para o Espírito Natalino nem mesmo com a decoração.

Usar a faca certa na manteiga, tomar vinho na taça, distribuir enfeites de Natal pela sala de estar...

... Atitudes que podem parecer "perda de tempo", num mundo - este no qual vivemos - onde cada minuto é precioso para produzirmos mais, ganharmos mais dinheiro ou simplesmente assistirmos mais à TV. "Pra quê taça? Tomo meu gole de Almadén no copo de requeijão mesmo!"; "Pra quê pegar a escada, alcançar o alto do armário e descer com aquela árvore velha e aquelas caixas com bolas vermelhas descoradas?"

Acontece que focamos o processo - pegar a escada, abrir a porta do armário, descer com os enfeites, desembalá-los, juntar as embalagens, subir na escada de novo, guardá-las, fechar o armário, pôr a escada no lugar... Ufa! Que canseira! - e nos esquecemos de mirar, lá adiante, o prazer com o resultado. A casa está ornada para o Natal, refletindo o nosso contentamento, a nossa abertura para um tempo diferente no calendário.

Papai Tuti montando a árvore de Natal em 2011 -
Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

Farney montando o nosso Presépio em 2011 -
Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

30 de novembro de 2011

Vivemos a cultura do divórcio

IBGE divulga número de casamentos desfeitos no Brasil.
Vaticano celebra 10 anos do Primeiro Casal Beatificado na Igreja.
O que temos a aprender com tudo isso?


(A photograph of a wedding license from 1883, por David W. Crider)

Há três anos, quando pessoas próximas (parentes, amigos) ficaram sabendo que Farney e eu nos casaríamos após 8 anos juntos - seis de namoro e dois de noivado -, ele e eu ouvimos comentários "interessantes". O primeiro foi em 25 de maio de 2008 - guardei a data, porque ocorreu em uma feira de livros aqui em Belo Horizonte, quando adquiri a obra Teresa de Ávila, de Walter Nigg (Edições Loyola).

Naquele dia, uma conhecida do meu marido me perguntou se eu colocaria o sobrenome dele. Respondi que não, que o meu nome completo seguiria o mesmo. Ante a minha resposta, eis "a pérola" que ela soltou: "Melhor assim. Quando tiver que se separar será mais fácil...". Juro, internauta d'A Católica. Não estou brincando. Eu ouvi isso às vésperas do meu casamento.

Alguns meses depois, quando os convites já estavam distribuídos, recebi um telefonema no qual um conhecido meu me desejava Tudo de Bom... Teria sido uma ligação maravilhosa, se ele não tivesse feito questão de acrescentar aos seus votos de Felicidades esta observação: "Mas não se esqueça, Ana Paula. Casamento não tem que ser para sempre. Se tiver que se separar, separe!".

As lembranças desses comentários vieram à tona neste 30 de novembro, porque me deparei com as notícias sobre a nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Os títulos dos artigos na Internet variavam entre Taxa de divórcios atinge seu maior valor em 2010 no Brasil e Taxa de divórcio sobe a 1,8 para cada mil brasileiros.

Fotografia de Frank Vincentz

Achei curiosa a coincidência, pois em 22 de novembro a agência de notícias Zenit publicou o seguinte artigo: Uma Segunda Chance Para o Matrimônio, cujo subtítulo é "Dicas de como reduzir os divórcios". Reduzir? Segundo o texto do site Exame.com, para Cláudio Crespo, gerente de estatísticas vitais do IBGE, "os números [da pesquisa do instituto] confirmam a consolidação da aceitação do divórcio pela sociedade brasileira".

É verdade: os comentários que Farney e eu tivemos que escutar ao anunciarmos o nosso matrimônio em 2008 demonstram que Crespo está com a razão.

O divórcio não somente é aceito aqui no Brasil, como já é esperado por alguns parentes e amigos. Parece que junto com o convite bonito, guardado com carinho em um envelope duro, com os nomes dos noivos e de seus pais em alto relevo e o endereço da paróquia onde se dará a cerimônia, aquelas pessoas conseguem "ver", embora em nenhum lugar esteja legível, a data da separação...

Eu não as culpo.

29 de novembro de 2011

Por que os jovens abandonam a Igreja?

Lembro por que uma vez abandonei a Igreja Católica
e sei muito bem por que eu voltei:
graças aos trabalhos de Padre Marcelo Rossi e da TV Canção Nova

(Padre Marcelo em 2006 - Fotografia de Sérgio (Savaman) Savarese)

Acabei de ler uma notícia recém-publicada no site de notícias Zenit, cujo título é o mesmo que dei a este Post d'A Católica. Ao terminar a leitura do artigo, que gira em torno do lançamento do livro You Lost Me: Why Young Christians are Leaving the Church... and Rethinking Faith (Você me perdeu: por que jovens cristãos estão deixando a Igreja... E repensando a fé), comecei a refletir por que eu, Ana Paula, no início dos anos 1990, com cerca de 15 anos de idade, deixei a Igreja...

... Mas, principalmente por que, já na casa dos 30, voltei. Decidi voltar.

Pelo que apreendi do texto da Zenit, são inúmeros os motivos pelos quais os jovens de cerca de 20 anos de idade abandonam a participação institucional, ou seja, deixam de comparecer às missas: "Ao analisar as causas do afastamento dos jovens das igrejas, Kinnaman [um dos autores do livro] admite que esperava encontrar uma ou duas razões principais, mas descobriu uma grande variedade de frustrações que levam as pessoas a esse abandono".

Uma dessas razões me chamou a atenção:

Em muitos casos, as igrejas não conseguem educar os jovens em profundidade suficiente. Uma fé superficial deixa adolescentes e jovens adultos com uma lista de crenças vagas e uma desconexão entre a fé e a vida diária. Como resultado, muitos jovens consideram o cristianismo chato e irrelevante.

No início da adolescência, comecei a achar a Santa Missa a "coisa mais chata do mundo". Tediosa, repetitiva, sem nexo. Também não entendia por que a gente tinha que levantar, sentar, ajoelhar, levantar de novo, sentar... Não via sentido nessa movimentação toda: morrendo de preguiça, eu só queria saber de ficar assentada até o padre dizer: "Vamos em paz e que o Senhor nos acompanhe". Ao que respondemos: "Graças a Deus". Para a jovenzinha que fui, era "Graças a Deus" mesmo. Literalmente: "Ufa! Acabou!".

Coincidentemente, desolada pela morte da minha avó inesquecível, a Nelita ou Mãe-Ita (sobre quem já publiquei um Post aqui n'A Católica), minha mãe se tornou espírita kardecista. Segundo suas próprias palavras, essa doutrina oferecia um consolo que ela não encontrou na Igreja Católica. Curiosa, aberta ao que é novo e motivada pelo entusiasmo da minha mãe e da minha madrinha, acompanhei-as nessa escolha e também passei a crer em "outras vidas", etc., etc., etc.

Surpreendentemente porém, com o passar dos anos, o espiritismo kardecista não me preencheu. Comecei a sentir falta do Santo Terço, das preces aos santos, dos rituais e de outros elementos que só a Igreja Católica tem.

A questão é: como essa espécie de "saudade do Catolicismo" foi tomando conta de mim? Resposta: foi me dominando, porque no final dos anos 1990 a Renovação Carismática Católica ganhou força no Brasil, sobretudo personificada na figura de um padre alto, de olhos azuis e extremamente animado: Padre Marcelo Rossi.

25 de novembro de 2011

Para entender (e viver) o Advento

Nesse tempo litúrgico, a Igreja se prepara para o Natal,
para se despedir da noite
e receber com festas e cânticos a Nossa Luz: Cristo Jesus!


(Imagem de Gustavo Rezende)

A Igreja Católica não celebra o nascimento do bebê Jesus assim, de qualquer jeito, só porque o calendário indica que 25 de dezembro chegou. Não. Há toda uma preparação que, de acordo com o Dicionário Católico Básico (Editora Santuário, 2002), "inicia-se no quarto domingo antes do Natal e termina antes da primeira prece da noite de Natal". OK. Mas, o que isso implica afinal?

Conforme os Reverendos John Trigilio Jr. e Kenneth Brighenti elucidam no ótimo livro Catolicismo para Leigos (Alta Books, 2008):

O Advento é o tempo em que os fiéis se preparam espiritualmente para o Natal, em meio a todas as compras, decorações, cozinha e festas. O Advento diminui a festividade para os católicos, para que a celebração verdadeira possa tomar lugar no dia do nascimento de Jesus, o Natal.

Assim, durante o Advento (os dois padres continuam):

- Os católicos tipicamente se confessam para prepararem-se para o Natal;
- Alguns vão à Missa todos os dias da semana;
- A maioria ora mais e pratica a paciência e tolerância - enquanto o restante do mundo enlouquece com as compras de Natal (...).

Na obra Para Entender e Celebrar a Liturgia (Cléofas, 2008), Professor Felipe Aquino - que já foi chamado de "Google da Igreja Católica", devido a seu vasto conhecimento - também enfatiza essa preparação:

O Tempo do Advento deve ser uma boa preparação para o Natal, deve ser marcado pela conversão de vida; algo fundamental para todo cristão. É um processo de vital importância no relacionamento do homem com Deus. O grande inimigo é a soberba, pois quem se julga justo e mais sábio do que Deus nunca se converterá. Quem se acha sem pecado não é capaz de perdoar ao próximo e nem pede perdão a Deus.

Outra pergunta se impõe: quais são os meios de que os católicos se valem para viver bem o Advento e efetuar essa preparação para "a Festa do Natal de Jesus"?

14 de novembro de 2011

O jantar dos bichinhos e o sentido da vida

A morte faz parte da vida e lhe dá sentido.
Nossa meta deveria ser acertar de primeira, em vez de
fazer a maioria das coisas com má vontade

(Imagem de David Wagner)

Nunca vou me esquecer daquele dia em que Mamãe Gali fez a minha irmã Andréa Cristina voltar pelo menos 4 vezes à padaria. Nós fazíamos um revezamento: num dia era a minha vez de ir; no outro, era a vez dela. Estávamos as duas entrando na pré-adolescência, naquela fase em que nosso corpo muda e tudo - absolutamente tudo - é motivo de vergonha. Principalmente andar na rua sozinha, com as pessoas nos olhando.

Naquele dia, Andréa Cristina estava "um poço de má vontade"... Chegou em casa com a quantidade errada de pães e sem o leite. Mamãe Gali a obrigou a retornar. Número 1. Depois, ela chegou com a quantidade certa de pães, mas se esqueceu do leite (de novo). Teve que voltar. Número 2. Em seguida, chegou em casa com o leite, mas a moça do caixa lhe deu o troco errado. Lá foi ela outra vez. Número 3. Por fim, ela tornou a não conferir o troco que a tal moça lhe deu. Meia volta para a padaria. Número 4.

A essa altura, meu estômago doía de tanto dar risada da cara da minha irmã, que era de pura desolação: morávamos no terceiro andar e ela subiu e desceu aquelas escadas zilhões de vezes!... Sem contar a vergonha ante os funcionários da padaria! Minha mãe só repetia o dito popular: "Preguiçoso trabalha mais". Pura verdade.

Algumas (ou muitas) vezes, temos uma tremenda falta de cuidado em fazer as coisas bem logo na primeira vez. Ou logo "de prima" - como na gíria do meu primo Carlos William, o Cacá. Damos muita moral à displicência. Uma coisa é errar querendo acertar. Outra bastante diferente é errar por desleixo, falta de concentração, preguiça mesmo.

Pensei nisso tudo depois de assistir no dia 5 de novembro ao programa Questões de Fé, da TV Horizonte.

Naquele sábado, o apresentador Padre José Cândido (da Paróquia São Sebastião, aqui de Belo Horizonte, no Brasil) refletia sobre o feriado de Finados* e afirmava que a função da morte é dar um sentido para a vida. De acordo com o pároco, a finitude dela nos oferece um foco, nos leva a reunir as nossas forças para atingir uma meta. Senão, viveríamos "de qualquer jeito", já que a nossa existência "não acabaria nunca"...

11 de novembro de 2011

Canção contra o Aborto


Nota: Este Post d'A Católica é dedicado a todas as mulheres que já abortaram. Tenho um profundo respeito e compaixão por cada uma delas. Desejo que a misericórdia de Deus as atinja de tal forma, que possam perdoar a si mesmas e seguir adiante. Apesar de tudo, somos todos filhos amados Dele. Que a Misericórdia Divina também chegue a seus filhos que não nasceram.

Este Post também é dedicado a meu primo Flávio Augusto, pai do Gabriel Augusto, que em 1999 me apresentou um dos melhores CDs que conheço: The Miseducation of Lauryn Hill (1998), no qual consta uma das mais lindas canções já gravadas: To Zion. Segundo li, trata-se de uma obra autobiográfica, composta e cantada pela norte-americana Lauryn Hill. Acompanhe.

9 de novembro de 2011

Maus exemplos de idosos

Quando se tem a fronte enrugada e muitos fios brancos na cabeça,
já passou da hora de levar o próprio crescimento a sério.
Chega de agir como se a vida não fosse acabar num dia

(Fotografia de צולם ע"י צביקה שיאון)

Acho que poucos de nós temos a consciência da MORTE. Ou de uma vida após a morte. Desde os mais jovens, a quem assistimos nos telejornais aqui no Brasil dirigindo automóveis embriagados e em alta velocidade, até os mais velhos. Não tratamos a vida como um bem precioso, se não por outra razão, ao menos por ela ser passageira. Agimos como se não temêssemos o Juízo Particular nem mesmo o Juízo Final*.

Como eu disse, parecemos gostar de rotular o comportamento dos jovens de "inconsequente". Geralmente, e conforme a mídia nos passa, são eles ousados e rebeldes o suficiente para se envolverem com drogas a ponto de colocarem em risco o futuro e a própria integridade física. Comentamos nas rodas de amigos ou em festas que a juventude de hoje "está perdida", "sem sentido": são egoístas e dão excessiva importância ao consumismo e às aparências.

Acontece, internauta d'A Católica, que o que me choca bem mais do que assistir ao exército de moças achando que um silicone nos seios será "A Solução dos seus problemas de autoestima" é ver idosos exibindo falhas de caráter que há muito já deviam ter superado. O que me choca não é assistir a alguns jovens desta geração esquecerem a solidariedade, desconsiderarem os regulamentos e desconhecerem os bons modos. E sim, os velhos fazerem tudo isso.

Vejamos.

Tempos atrás, o síndico (ou seria zelador?) de um prédio - um homem com a cabeça branquinha - ocupou descaradamente a vaga de um dos moradores, causando grande transtorno. Em vez de se desculpar e retirar prontamente o seu carro (que tinha o adesivo enorme de uma igreja cristã aqui de Belo Horizonte colado no vidro de trás), decidiu bater boca com o morador e ameaçá-lo. Tudo isso, diante da neta. Ele estava errado e não respeitou nem mesmo a presença da neta de menos de um ano de idade.

Soube desse fato e fiquei pensando na tristeza daquele idoso, que teoricamente está mais próximo da morte do que o jovem morador, uma pessoa de idade agindo com tamanha falta de escrúpulo, demonstrando tanta ausência de bom senso e de civilidade, dando para uma criança tão novinha um exemplo tão vívido de intolerância e arrogância.

24 de outubro de 2011

Vamos falar de homens, grosseria e personalidade?

Gritar, ser rude e agredir não tem nada a ver com "personalidade forte".
Aqui, você reflete comigo sobre (alguns) homens e crianças malcriadas


(Fotografia de Vera Kratochvil)

Um dos meus programas favoritos na TV chama-se America's Next Top Model. É um reality show (mais um) sobre 14 modelos selecionadas por uma equipe para viverem juntas em uma casa. Ao longo da temporada, elas realizam cerca de 14 provas, que eliminam - uma a uma - as que tiverem o pior desempenho, até que reste uma única modelo, que receberá o título que dá nome à atração, algo como: "A Próxima Top Model Norte-Americana".

Se não conhece o programa - ou se o conhece bem - deve estar desapontado por uma pessoa religiosa, que se diz católica, interessar-se por algo aparentemente tão bobo, tão fútil, perdendo o seu tempo diante da TV. Acontece, internauta d'A Católica, que temporada após temporada - a atração é exibida por um canal de TV a cabo -, eu me divirto à beça observando como a vencedora é, geralmente, aquela que a maioria das garotas desprezam.

A mais feia, a mais alta, a mais desengonçada, a socialmente mais calada e desinteressante, que prefere ficar isolada num canto, costuma fazer fotos belíssimas. Justo ela tem um dom para ser fotografada, o qual se mostra apenas diante das câmeras e especialmente depois que as poses são reveladas diante dos jurados.

É engraçado que, temporada após temporada, os jurados - encabeçados pela também modelo e criadora do programa, Tyra Banks - cobram das candidatas "personalidade". "Você está bem nessa foto, mas falta... Personalidade!", dizem até mesmo para aquelas que acabam se tornando vencedoras. É angustiante mirar a cara linda das candidatas contorcendo-se para tentar captar o conselho: "Personalidade? Como? Quer dizer que 'eu não sou eu'?...".

Mais engraçado ainda é ver os mesmos jurados, que cobram das moças lindas "personalidade nas fotos", mandarem de volta para casa justamente aquelas concorrentes cheias de... Personalidade! Num dos episódios a que assisti, Tyra Banks diz a uma moça negra, fotogênica e super-simpática: "Você tem 'personalidade demais'. É perfeita para uma carreira de cantora ou de atriz, não de modelo. Tchau e... Boa Sorte!". Vá entender, internauta!...

Personalidade, de acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, é "caráter ou qualidades próprias da pessoa"; "individualidade consciente". Se nos detivermos no primeiro significado, todo mundo tem personalidade - por mais que, às vezes, ela pareça apagadinha... Todavia, vamos no deter no segundo sentido, porque nem todo mundo tem consciência da sua individualidade (embora alguns se achem conscientes dela).

No mundo em que vivemos, confunde-se muito gritaria, grosseria e violência com "personalidade".

4 de outubro de 2011

Refletindo a partir de Janis Joplin

Nos achamos "melhores" do que viciados em drogas, como a
artista norte-americana era. Contudo, será que não temos
fraquezas de caráter bem mais graves do que a dela?


(Pintura a óleo atribuída a Pappi - Fotografia de Patrick Pearse)

Dia desses, meu marido e eu assistimos a um dos episódios do programa "As Últimas Horas de..." na TV a cabo. O objetivo é apresentar ao telespectador o que testemunhas (amigos, parentes, assessores), a polícia e médicos contaram sobre os últimos momentos da vida de personalidades das artes e da política. O episódio a que me refiro é o que tratou da norte-americana Janis Joplin (1943-1970).

Você, provavelmente, já ouviu falar da "cantora branca de voz negra", que entoava rock e blues como poucos. Janis imortalizou músicas como: Cry Baby, Summertime (a minha favorita) e Mercedes Benz. Ela deixou este mundo num dia 4 de outubro.

"As Últimas Horas" mostrou como a artista não se encaixava nas normas de "boa menina", como enfrentou preconceitos de que era uma "mulher feia" e como decidiu lidar com suas inseguranças através do álcool e, mais tarde, das drogas - a exemplo da heroína. Embora acreditasse que driblou o vício, acabou sucumbindo a uma overdose durante as gravações de seu LP (o antecessor do CD) Pearl - aclamado pela crítica.

Quando assisto a documentários como esse, quando leio nas revistas o que ocorreu com outra grande artista, também considerada uma "cantora branca de voz negra", a adorável inglesa Amy Winehouse (1983-2011), não sinto desprezo nem pena. E sim, uma grande (enorme) solidariedade. Não vejo essas pessoas viciadas em drogas "lá longe", distantes da minha realidade, dignas de condenação: eu me identifico com elas.

Aliás, não identifico apenas a minha pessoa, a minha trajetória. Pra ser sincera com você, um monte de gente, e falo de gente acima dos 60 anos de idade, vejo travestida de Janis Joplin e de Amy Winehouse. Só que seus vícios são outros. E, o que é pior: por estarem camuflados, por não se materializarem como o pó branco da cocaína, o copo com cachaça ou o maço de cigarro, são ainda mais difíceis de vencer.

30 de setembro de 2011

A Católica fez 1 ano! (Eu farei 35)

Olhar para trás, para agradecer a cada um dos internautas do Blog, e
para frente, para o desafio de Ser Cristã e um Ser Humano melhores


(Fotografia de Jon Luty)

(Fotografia de Petra Bubníková)

Se você é um internauta mais assíduo do Blog A Católica e o acompanha há alguns meses, deve ter sentido falta das minhas Postagens de Aniversário. Não sabe o que é isso? Na última semana de cada mês, eu costumava escrever um Post agradecendo a você, por haver passado (e parado) por aqui, e divulgando as estatísticas de navegação: número de visualizações - ou de degustações - e as crônicas mais lidas.

Ocorre que, por uma série de motivos - alguns expostos no Post Lidando com as Minhas Limitações -, a frequência das postagens diminuiu (em muito). Assim, não faz mais sentido levantar, a cada mês de aniversário, as estatísticas de navegação, comparando-as com as do mês anterior. Isso posto, uma única coisa me resta, a qual faço com imenso prazer neste 1 ano de vida do Blog: AGRADECER A VOCÊ, internauta!

Entre 24 de maio - quando publiquei o Post pelo aniversário de 10 meses - e hoje, 30 de setembro, A Católica ganhou os seguintes seguidores (que são pessoas interessadas no Blog) ou - como eu prefiro chamá-los - ADORÁVEIS Gourmets:

27 de setembro de 2011

Afeição não cai do céu

Alguns de nós temos a mania de cobrar dos outros
a presença e o carinho que somos incapazes de oferecer


Imagem: Amor and Psyche, children (1890), William-Adolphe Bouguereau

Costumo dizer a meu marido, Farney, que somos todos agricultores. A vida é um imenso canteiro e vamos semeando tudo aquilo que, mais tarde ou bem mais tarde, colheremos. Se você não cultivou o meu afeto, ou melhor: se não me cativou lá atrás, quando eu ainda era uma criança ou alguns anos mais jovem do que sou hoje, como pode esperar que eu o tenha em alta conta?

Vejo muito disto por aqui e acolá: gente que não fez o dever de casa, sogra que não cativou a nora; mulher que não cativou a noiva do irmão; tia que não cativou o sobrinho... Mas que depois, anos à frente, reclamam carinho, presença e até - pasme - gratidão. Por que isso ocorre? Resposta: porque fomos (des)educados para receber, e não para dar.

Somos experts em cobrar: "Fulana até hoje não veio me visitar!"; "Beltrano não me telefonou no meu aniversário!"; "Fiquei doente e sicrana nem me procurou para saber como eu estava!". Contudo, na hora de nos fazermos generosos, doadores de calor humano ou de algum calor via celular, enfim, de sermos pessoas que demonstram o mínimo de atenção aos outros... Que é de nós? Não é, porque não estamos nem aí.

Nosso foco, ou o foco de muitos de nós, é este: O que eu recebo?. Quando deveria ser (independentemente de termos ou não um coração cristão): O que eu ofereço a quem está ao meu redor?.

15 de setembro de 2011

Eu queria ser um objeto

Ao visitar um local como o Museu do Ipiranga - ou Museu Paulista -,
a vontade que dá é a de sobreviver aos séculos 

e se espantar com o futuro...

(Fotografia de Ana Paula~A Católica - acatolica.com)

(Fotografia de Ana Paula~A Católica - acatolica.com)

Visitei o Museu do Ipiranga ou "Museu Paulista" dois dias depois da celebração da Independência do Brasil. Fiquei encantada com a conservação de todos os objetos expostos, a ponto de me perguntar diversas vezes: "Serão meras reproduções ou peças realmente originais, de época?".

Vi móveis que pertenceram a Santos Dumont e ao Padre Feijó, porcelanas chinesas e francesas, escarradeiras, vestidos, chapéus e até brinquedos. Tudo aparentemente novinho, lustrado. Conservado. Fui percorrendo as salas - divididas por temas: o café, as armas, o cotidiano... -, lendo as plaquinhas com as identificações e as datas, deixando-me envolver pela alusão à atmosfera dos séculos XVIII e XIX.

Num tempo não tão distante assim, tudo era feito à mão aqui no Brasil: quem quisesse algo mais sofisticado precisava de bastante dinheiro, a fim de adquirir mercadorias importadas - especialmente da França, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha. Não havia tanta tecnologia. Não tinha televisão na sala de estar. As cadeiras (de madeira) eram dispostas de modo que uns olhassem para o rosto dos outros. A "estrela" não era o telejornal nem a telenovela, e sim a conversação.

29 de agosto de 2011

Duas reportagens que me chocaram

Duas jornalistas trazem à tona discussões sobre a ÉTICA:
na primeira, mães decidem matar um dos filhos;
na segunda,
um engenheiro vende trabalhos plagiados a terceiros

(Fotografia de Petr Kratochvil)

Sempre tive dificuldade de escolher. Quando meus pais me diziam "Só tem dinheiro para um. Decida-se", eu entrava em pânico. Queria os dois ou os três. Queria tudo. Quando comecei a trabalhar e a ter o meu dinheiro, se gostava de um artista, não queria apenas o seu mais recente CD, mas todos os que ele lançou. Eu dava cheque pré-datado, dividia de mil vezes e levava tudo o que houvesse. Porque era impossível (para mim) ficar com um só. Porque para coisas bonitas, como a arte, sou partidária do "quanto mais, melhor".

Ontem, folheando a revista Época desta semana (29 de agosto de 2011 - Nº 693), descobri algo que me desconcertou. Há pessoas neste mundo bem diferentes de mim: elas têm habilidade e precisão para escolher. Para elas, ainda que se diga respeito não a objetos, e sim a algo valioso e bonito como A Vida, "quanto menos, melhor".

O que quero dizer é: de acordo com a reportagem Destruição assistida, da jornalista Cristiane Segatto, há pessoas neste mundo que optam por qual dos dois fetos, dentro de uma barriga, durante uma gravidez, deve sobreviver. Isso mesmo que você leu. Por razões sobretudo econômicas, a mãe dá cabo do outro, esteja ele se desenvolvendo saudavelmente ou não, através de um processo denominado "meio aborto".

É difícil nos dias de hoje sabermos de algo que realmente nos choque. É que a banalização da violência, da corrupção, da impunidade, da vulgaridade, da falta de respeito e da imoralidade é tanta, que temos a sensação de "já ter visto de tudo". É raro conhecer algo e chegar à conclusão: "Nossa. Agora fiquei sem chão". Pois foi essa a reação que tive, internauta d'A Católica, ao terminar de ler a matéria da revista.

Dois trechos, particularmente, me abalaram. Em um, a jornalista descreve o procedimento do "meio aborto" (atenção, as linhas a seguir são fortes):

A redução embrionária é feita na 12ª semana de gestação. Quando os dois embriões* parecem saudáveis, a escolha é aleatória. Com a ajuda do ultrassom, o médico localiza o embrião de mais fácil acesso e injeta cloreto de potássio na região que parece pulsar. O objetivo é atingir o coração. A morte é instantânea.

11 de agosto de 2011

As escolhas (estranhas) de Deus

Em Amadeus, Salieri não entendia por que Mozart - vulgar e infantil -
foi eleito canal da beleza e harmonia de Deus.
Neste Post d'A Católica, conheça essa e outras escolhas de Nosso Senhor.

(Imagem: Reprodução-Internet)

Vira e mexe a gente assiste à distância (ou mais perto do que gostaríamos) ao sucesso do outro. Não precisa ser necessariamente material, como um prêmio da loteria ou um carro novo. Pode ser um casamento. Uma aprovação no vestibular. Uma carta de direção. Uma gravidez. Ficamos entre o contentamento por sua conquista e o despeito. A incompreensão: "Por que tudo parece dar tão certo para ele, e não para mim?".

Quem de nós não passou - ou ainda passa - por isso?

Dói, especialmente, quando o outro, no nosso ponto de vista, "não merece" o sucesso ou a bênção que está recebendo. Por exemplo: uma garota que não se dedicou tanto quanto poderia aos estudos, que lia de vez em quando apenas, mas conquistou uma vaga num concurso público, enquanto você, que estudou dia e noite, perdeu festas e horas de sono, não. Vem a raiva: "Eu é quem deveria estar lá, não ela!".

E quanto às mulheres que engravidam de um filho atrás do outro, sem a mínima condição financeira nem psicológica de criá-los, deixando-os viver na rua e até mesmo abandonando recém-nascidos em caçambas de lixo? (Como vemos nos telejornais aqui no Brasil.) Enquanto outras, prósperas tanto material quanto emocionalmente, têm extrema dificuldade de engravidar, fazem tratamentos caros em clínicas de fertilização e às vezes... Nada. "Por que, meu Deus?", devem se perguntar.

É sobre isto que trata Amadeus (Estados Unidos, 1984): inveja e incompreensão. No começo desse maravilhoso longa-metragem, dirigido por Milos Forman, um menino - o italiano Antonio Salieri (1750-1825) - dirige uma oração fervorosa aos Céus, durante a Santa Missa:

Meu Deus, faça de mim um compositor famoso. Permita-me celebrar a Sua glória através da música... E ser celebrado. Faça-me famoso em todo o mundo. Faça-me imortal. Quando eu morrer, faça com que as pessoas me apreciem pelo que eu compus. Em retorno, eu Lhe darei minha decência, minha diligência, minha humildade em cada momento da minha vida. Amém.

Internauta, eu ainda não lhe contei: logo antes dessa cena, Antonio Salieri aparece bastante envelhecido, em um hospício, confessando-se com um sacerdote - confesso a você que essa é a minha passagem favorita de todo o filme. Justo aqui, a atuação de F. Murray Abraham como Salieri, com seu olhar e lábios encrespados que caracterizam um invejoso típico, já se mostrava digna do Oscar (o qual acabou ganhando).

Na verdade, o longa de Milos Forman acontece em torno desse momento: o roteiro se desdobra a partir do ponto de vista do velho Salieri ao longo da confissão que faz com o jovem padre.

20 de julho de 2011

O jovem que VOCÊ é definirá o velho que VOCÊ será

Quem planta amor na juventude não pode colher solidão na velhice.
Um Post d'A Católica sobre idosos carentes e um (meu avô)
cercado de gente e de afeto. Confira.

Imagem: A coffee farmer in rural Brazil USAID-image (Cafe Bom Dia)

Sou do tipo que adora se confessar com o padre. Não tenho vergonha nem pudor algum de contar todos os meus pecados. E gosto de variar: às vezes me confesso com o pároco da minha paróquia; noutras, com sacerdotes que estão à frente de igrejas como a Capela Nossa Senhora do Rosário - a mais antiga de Belo Horizonte, cidade brasileira onde nasci e vivo.

Uma coisa sempre me intrigou: geralmente, e apesar de há muito ser balzaquiana, sou a mais jovem na fila da confissão. À minha frente ou atrás de mim, invariavelmente estão cidadãos de cabeça branca. Alvíssima. Levei um tempo para entender isso (sozinha), já que seria indelicado cutucar o senhor de cabeça "cor de algodão" diante de mim e perguntar: "Ei, velhinho! O que o senhor faz aqui?".

Eu imagino por que os mais jovens, geralmente, não estão na fila para deslindar seus pecados: muitos estão ocupados demais em ser... Jovens. A igreja, seu silêncio, seus rituais, códigos de conduta e aparente rotina são a última coisa com que querem se envolver. Eles deixam para levar Deus a sério quando (como dizemos aqui no Brasil) "dobram o Cabo da Boa Esperança" ou "descem a serra". Em outras palavras: envelhecem.

Mas, voltemos à fila da confissão.

Fotografia de Водник

Num dia, aguardando a minha vez e observando uma senhora negra, de cabeça branca, com várias sacolas à mão, requebrar seus quadris com dificuldade enquanto caminhava até o confessor, tive a seguinte intuição: "Já sei! Esses velhos todos na fila não estão aqui 'apenas' para contar suas faltas! Eles vêm tanto, porque muitas vezes o pároco é a única pessoa que os ouve. A única que têm para conversar!...".

Essa minha percepção não se embasa em "pesquisa sociológica". Não é científica. Contudo, faz algum sentido para mim. Ela foi reforçada pelo fato de que, quando finalmente ficam cara a cara com o padre, os idosos permanecem com ele minutos infindáveis... Falando, falando... Sem objetividade alguma - a objetividade que a Igreja nos recomenda ter, ao procurarmos o Sacramento da Penitência. Aposto que alguns (ou vários) retornam todo mês ou toda semana. Só para se sentirem menos sozinhos.

Isso me fez pensar no meu avô paterno, Raul.

26 de junho de 2011

Love Story e o Reino de Deus

Enquanto não despertarmos do nosso sono, o Reino dos Céus
continuará como um filme bonito, numa tela de cinema.
Distante da realidade e de todos nós.

(Imagem: Reprodução-Internet)

Não tem nada demais. Alguns cenários, dois personagens principais e uns cinco coadjuvantes, que falam pouco mais do que algumas frases. Mas há o roteiro brilhante, a trilha sonora maravilhosa de Francis Lai - ganhadora do Oscar - e as atuações realistas e contagiantes dos atores Ali MacGraw e Ryan O'Neal. Com pouca firula e bastante intensidade, Love Story (Estados Unidos, 1970), dirigido por Arthur Hiller, cativa desde os corações mais duros até os amantes dos efeitos especiais, que "torcem o nariz" para uma história simples, contada na tela sem muitos recursos de tecnologia.

Como bem observou meu marido Farney, Love Story é um drama.

Mamãe Gali o assistiu no cinema. Disse-me que todo mundo (todo mundo mesmo) saiu da sala escura de projeção "fungando o nariz", ou seja, emocionadíssimo. Realmente, o final do enredo, depois que você acompanha o desenrolar do destino das personagens Jennifer Cavalleri e Oliver Barrett IV, é de "cortar o coração". Poucas vezes na vida - e olhe que já vi muito filme em mais de 30 anos - assisti a uma história de amor tão bonita, sincera, profunda e bem-humorada. Bem-humorada também. Eis o diálogo que Jenny e Oliver travam, logo que se conhecem:

Jennifer Cavalleri: Você parece estúpido e rico.
Oliver Barrett IV: E se eu disser que sou inteligente e pobre?
Jennifer Cavalleri: Eu sou inteligente e pobre.
Oliver Barrett IV: E o que faz você tão inteligente?
Jennifer Cavalleri: Eu não sairia para tomar um café com você. Eis o que me torna inteligente.
Oliver Barrett IV: E se eu disser que nunca chamaria você para tomar um café comigo?
Jennifer Cavalleri: Bem, é isso que o torna estúpido.

Claro que, na cena seguinte... Eles aparecem na cafeteria!

21 de junho de 2011

Lidando com as Minhas Limitações

Esta bloggueira AQUI encara: falta de tempo, tarefas do lar
e também um probleminha de saúde. Devido a tudo isso, A Católica
deu uma "ajustada" nas suas ambições... Averigue por si!

(Fotografia de Petr Kratochvil)

Meu Querido Internauta,

Quando comecei este projeto ambicioso, prazeroso e maravilhoso de criar, alimentar e manter um Blog pessoal, minha meta (veja só!) era escrever pelo menos um novo Post por dia ou, no mínimo, dia sim/dia não. No inicinho, meses atrás, consegui manter uma média de publicação que variou de 15 a 30 Posts por mês.

Acontece, internauta d'A Católica, que ultimamente fui "caindo na real" e vendo que, mesmo sendo uma jornalista que optou por ficar em casa, tornar-se uma dona-de-casa NÃO significa ter mais tempo livre para ler e escrever!... As tarefas do lar avolumam-se e manter uma casa limpa e em ordem demanda um esforço e uma entrega, os quais eu não esperava! Mesmo.

Além disso, como já comentei em crônicas do Blog (confira, por exemplo, duas delas: Espinho na carne e Dindinha, je suis malade...), sofro de enxaqueca. Sou acompanhada por uma neurologista e, apesar do tratamento que faço, meu cérebro ainda está, digamos, "programado para doer". Desse modo, de duas a três vezes por mês tenho crises terríveis, que literalmente me jogam na cama.

Ei: não escrevo isso para açular a sua piedade - a qual, certamente, merece alvos mais nobres, como a pobreza e a injustiça que muitos brasileiros, latino-americanos e africanos enfrentam. Escrevo apenas, a fim de justificar a você, que acompanha A Católica há mais tempo, por que a frequência da publicação de Posts diminuiu.

15 de junho de 2011

Três ORAÇÕES ao Coração de Jesus

Neste Post d'A Católica, conheça as preces criadas por:
Santa Gertrudes, São João Eudes e Santa Margarida Maria Alacoque.

Imagem: Sacred Heart of Jesus (1848), Published by N. Currier

O Papa Pio XII (Sumo Pontífice de 1939 a 1958) elucida na encíclica Haurietis aquas (1956), onde fundamenta teologicamente o culto ao Coração de Jesus, que vários santos distinguiram-se no desenvolvimento dessa devoção.

A seguir, você acompanha os resumos da vida de três deles, escritos pel'A Católica, e as orações que criaram para o Coração Eucarístico. Ah: não deixe de conferir também o Post do Blog: TUDO sobre o Sagrado Coração de Jesus. Saúde e Paz!!

10 de junho de 2011

TUDO sobre o Sagrado Coração de Jesus

Confira TUDO o que você sempre quis saber sobre o culto
à fonte de todo o amor de Deus por cada um de nós:
o Coração de Seu Filho! Adore-O sem receio!

(Fotografia de GFreihalter)

Internauta d'A Católica, Saudações!!

Estamos no mês do Sagrado Coração de Jesus e o Blog traz para você um texto que pesquisei, redigi e publiquei no informativo de uma das paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte, em Junho de 2010. Se não me engano, a celebração mesmo só ocorre no final deste mês. Contudo, a intenção é dividir informações com você, a fim de que a nossa participação no mistério dessa devoção seja mais fecunda! Afinal, só se AMA bem, aquilo que se conhece de verdade. Leia! Aproveite! Saúde e Paz!!

Viva o Coração de Jesus!

A devoção ao Coração de Jesus é tão antiga quanto a Igreja e teria começado quando um dos soldados traspassou o lado de Cristo crucificado com a lança, fazendo com que saísse imediatamente “sangue e água” (Jo 19,33) – sinais de dois sacramentos: a Eucaristia e o Batismo. Na encíclica Haurietis aquas, Pio XII (papa de 1939 a 1958) frisa que o culto ao “Coração transfixado do Redentor nunca esteve completamente ausente da piedade dos fiéis”. Mas, reconhece que “a sua manifestação clara e a sua admirável difusão em toda a Igreja” deu-se gradualmente e apenas em séculos recentes tornou-se “objeto de culto especial”.

Kreuzigung Christi (1400), Oberrheinischer Meister -
Fonte: The Yorck Project: 10.000 Meisterwerke der Malere

6 de junho de 2011

Conversa sobre a celebração do matrimônio

Os divórcios são tantos, que há gente que torce o nariz
para um novo casal que se forma.
Até padres (que tristeza!) fazem isso, alarmados pelas estatísticas

(Fotografia de Paata Vardanashvili from Tbilisi, Georgia)

(Fotografia de Joe Mabel)

Poucas vezes na vida vi um padre tão mal-humorado. Frio e seco. Mais seco do que um mandacaru. Ele ministrava a celebração de um casamento. Um pouco de alegria e um sorriso fariam bem. Mas, nada. Semanas depois, vi o mesmo sacerdote, que pertence à Arquidiocese de Belo Horizonte. Desta vez, ele estava à frente de uma missa de Bodas de Prata: os 25 anos de matrimônio de um casal da paróquia. Que diferença!

O mesmo padre, que era seco feito mandacaru, agora tornara-se um homem sorridente. Solícito. Até gracejos fez, durante a celebração. Na hora, pensei: "Será que tanta educação e simpatia é porque o casal é dizimista?". Como alguns de nós católicos sabemos, alguns padres dão tratamento diferenciado àqueles paroquianos que são dizimistas fiéis. (Não escrevo como crítica, e sim como constatação. Pura e simples.)

Certamente, aqueles dois diante do tal sacerdote eram dizimistas. Porém, a euforia do pároco não se devia apenas a isso. Como ele mesmo afirmou: "Sempre fico muito mais feliz em celebrar as Bodas de Prata, do que um casamento, porque os casamentos hoje em dia não duram nada!...". (!!!) Por mais próxima da verdade que a fala daquele padre estivesse, achei um absurdo. Um absurdo. Fiquei estupefacta.

1 de junho de 2011

Crônica sobre café e falsidade

Amo café, mas preciso "fugir" dele de vez em quando.
Assim como corro de pessoas que, com seus comentários maliciosos,
despertam o que há de pior em mim. Levando-me a pecar

Affiche: Van Nelle's pakjes koffie (1936), Autor Desconhecido

Era uma bebida preta. Ficava numa garafa comprida com tampa de rosca. A mim, só restava sentir o aroma. Às vezes, eu podia mais: apertar a tampa de rosca, pra não deixar a fumaça escapar com a temperatura quente. E só. Estou falando de café. A bebida do Papai Tuti. Eu não podia tomar. A mim, era reservado o leite com Nescau. Até que cresci. Agora, eu podia provar café. E adivinhe: era mesmo uma delícia!...

O café desbancou a Coca-Cola gelada, o caldo de cana e até o Nescau. Ao longo dos anos, chegou ao topo, ao posto de "Minha Bebida Preferida".

E não é que arranjei uma profissão que "combinava" com ela? Ou você não sabe que todo jornalista que se preze toma N xícaras de café por hora? Veja bem: por hora, e não por dia. Porém, ao contrário de meus colegas, eu não gostava de amiudar o meu contato com o café. Nem de tê-lo "sozinho", sem um um pedaço de broa de fubá ou um pão novo com manteiga junto. Para mim, café pede acompanhamento.

Além disso, tudo na vida em abundância enjoa. E eu não quero me enjoar de café. Nunca. Por isso, provo-o apenas duas vezes ao dia: durante o café da manhã e o lanche da tarde. Afinal, coisas gostosas ficam ainda mais gostosas a conta-gotas. Como o Vinho do Porto, que me ensinaram que se bebe numa taça pequena.

Sofro de enxaqueca (ou sofria, Se Deus Quiser!...). E resolvi, depois de chegar à conclusão de que poderia ajudar no tratamento desse mal, reduzir ainda mais o contato com a Minha Bebida Favorita: agora, ele ocorre ou no café da manhã ou no lanche da tarde. E não nos dois, nem no mesmo dia. Como era de se esperar, a decisão tornou o meu encontro com o café pra lá de emocionante: "Enfim, vou tomá-lo!".

O afastamento do café (pelo visto) acaba sendo um sacrifício para mim. Porque estou abrindo mão de algo realmente saboroso. Contudo, é para o meu bem. Digo, para o benefício da minha saúde. Então, sou (serei) forte. Aguentarei firme.

Queria ser assim em outras áreas da minha vida.

31 de maio de 2011

Maria: a visita que todo mundo quer receber

É uma honra acolher a Mãe do Salvador! Porém, proponho um desafio:
vamos ser (como) Maria e causar alegria em quem nos receber.
Detalhes sobre a Visitação de Nossa Senhora, você acompanha neste Post

(Detail Antependium (1410); Wolle, Leinen, Seide - Fotografia de User:FA2010)

"Passei anos tentando engravidar. Em vão. Minha comunidade dá muito valor à maternidade, à descendência. Era a minha vergonha não haver gerado filhos. Até pouco tempo atrás, estávamos meu marido e eu. Velhos e sozinhos. Um pelo outro. Até que um dia... Me vi grávida. Em vez de felicidade, senti medo, tristeza e até raiva: 'Tantos anos e só agora Deus nos abençoava com um filho?'. Fiquei sem graça também. Imagine: todo mundo saberia que, na nossa idade, meu marido e eu ainda..."

Esse diálogo interior seria de Isabel ou Elisabete, como é chamada em outros idiomas. Trata-se da prima de Maria, a mãe de Jesus. Foi Padre Léo, em uma de suas centenas de palestras gravadas na Canção Nova, quem falou desse jeito uma vez, como se nos quisesse colocar dentro da mente de Isabel, a fim de nos mostrar o seu estado psicológico, quando Nossa Senhora decidiu deixar Nazaré, na Galileia, e subir até a cidade de Ain Karim, a seis quilômetros de Jerusalém, na Judeia, apenas para visitá-la.

Quanto ao estado psicológico ou à disposição de alma de Nossa Senhora, estes eram bem diferentes: ela vinha da Anunciação - confira o Post d'A Católica Fiat, anjo Gabriel!. Conforme o livro Maria dos Evangelhos (Paulinas, 2010), a mãe de Cristo sentia e irradiava "alegria plena de gratidão e encantamento":

A primeira palavra de Gabriel havia sido: Alegra-te. Maria não vai ignorar tal saudação e convite. Ela se deixa esclarecer por essa mensagem de alegria. O menino que se forma nela é a sua maior fonte de alegria.

Maria não é tocada pelos perigos possíveis: ser despedida, perder o bom nome, em sociedade e perante os pais, ser lapidada. Ela está estabelecida na alegria e a sua força vem do céu: 'Nada é impossível a Deus' [Lc 1, 37]. É desta mulher ditosa que dizemos: Causa da nossa alegria, porque o filho que ela traz no seio é toda a nossa ALEGRIA.


Prova disso é que a visita da Virgem, sua "mera" presença, mudou completamente a disposição de alma da prima anciã. A Menina de Nazaré e o Menino Jesus foram a causa da alegria do feto João Batista, que estremeceu de júbilo no ventre, e consequentemente de Isabel, que o gestava há seis meses e vibrou junto, entoando "o 1º canto endereçado a Maria". Na mesma obra, Giovanni Maria Bigotto o transcreve:

30 de maio de 2011

Da janela lateral

... Vejo "um voo pássaro" e, também, a bandeira do Brasil -
tremulando a favor do vento. Deu vontade de pensar no meu país.
Neste Post: imagens, um poema e uma canção.

Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

O propósito deste Post é tão singelo...
... Apenas dividir com você, internauta d'A Católica, a vista da minha Janela Lateral. Assistir à bandeira do Brasil tremular lá adiante... Tão distante de mim; me fez lembrar coisas díspares: 1ª) a canção de Ivan Lins e Vitor Martins, Meu País, e 2ª) um poema de Afonso Romano de Sant'Anna: Ser Nacional (1992).

Assim, decidi compartilhar estas três formas de arte, digamos assim, com você: a fotografia, o poema e a canção. O Brasil nos evoca amor. E o comportamento de alguns de nós, brasileiros, dá o que pensar. O que questionar. O que lamentar. Um Post despretensioso. Apenas, refletindo sobre o BRASIL... Saúde e Paz!!

28 de maio de 2011

Minha melhor amiga ficou mais velha

A enfermeira Viviana Paula tem um papel importante na minha história.
Só me resta bendizer a Deus pela sua vida.
Neste Post d'A Católica, VOCÊ acessa uma cartinha muito pessoal a ela

(Fotografia de c. kennedy garrett)


meus amigos
quando me dão a mão
sempre deixam
outra coisa

presença
olhar
lembrança calor

meus amigos
quando me dão
deixam na minha
a sua mão

Paulo Leminski (1944-1989), poeta paranaense


27 de maio de 2011

Pippo Buono: o santo que dava risadas

Filipe Néri ria de quem se achava "um cristão exemplar"
e ria muito de si mesmo também. É dele a frase:
"O servo de Deus deve estar sempre alegre". Um apelo para todos nós

(Fotografia de zitona qatar from doha, qatar)

Maio de 1954 - Fotografia de Roger e Renate Rössing - Fonte: Deutsche Fotothek‎

"Quem exibe a sua religiosidade não é religioso."
(São Filipe Néri)

Não sei quanto a você. De vez em quando, eu trombo na vida - e isso inclui a Blogosfera ou Efigênia, o mundo dos Blogs - com gente que acha que ser "um bom católico" consiste em assistir à Santa Missa em latim (verdade, não estou inventando), encobrir as pernas, falar mal do carnaval, assegurar que as outras religiões cristãs não prestam e atacar o movimento da Renovação Carismática Católica... Só não me estendo mais, porque o restante da lista é realmente triste.

Por isso, é tão bom saber que alguém que era cético em relação a pessoas "religiosamente exageradas", que exibem e defendem uma "ascese rigorosa", ou seja, que querem fazer todo mundo crer que levam uma "vida irrepreensível"... Tornou-se santo. Trata-se do italiano São Filipe Néri, conhecido entre os romanos como o Pippo Buono, devido a sua bondade alegre e otimista, conforme Enzo Lodi em Os Santos do Calendário Romano - Rezar com os santos na liturgia (Paulus, 2007).

O monge beneditino alemão Anselm Grün, em seu maravilhoso livro 50 Santos (Edições Loyola, 2005), que já mereceu uma Resenha do Blog A Católica, explica:

Ele [Filipe Néri] desmascara o pathos pomposo como expressão de falsa religiosidade e desarma com seu sorriso todos os severos moralizadores, que muitas vezes apenas projetam suas necessidades reprimidas nos outros e a partir disso desenvolvem a sua teologia.

Filipe, em suma, foi um sacerdote que renunciou a toda fama, pompa e circunstância, que desconfiou de quem se acreditava "um cristão exemplar" e que, especialmente, riu de si mesmo. E fez os outros rirem. Segundo Anselm Grün, o escritor Reinhard Raffalt afirmou que esse santo - cuja memória a Igreja celebrou neste 26 de maio - incorporou "um novo elemento na tradição, que até então era considerado quase blasfemo: o humor".

Afinal, qual é a história de São Filipe Néri, tão amado pelos romanos?

25 de maio de 2011

Viver é aprender a dizer Adeus

Tenho uma coleção de acenos que deixei no ar,
ao longo da minha vida. Minha irmã Andréa Cristina partiu,
como há muito tempo tanta gente querida anda fazendo

Goodbye, on the Mersey (1881), James Joseph Jacques Tissot

Acabei de assistir a um vídeo postado no Facebook. Um vídeo de despedida. Minha irmã, Andréa Cristina, deixou o seu emprego de Terapeuta Ocupacional da Prefeitura de Contagem, na Grande BH (Brasil), para morar na cidade de São Paulo com o marido, o engenheiro Luis Guilherme. Já falei sobre ela, e o trabalho incrível que desenvolve, aqui no Blog A Católica, no Post Homenagem aos Católicos Não-Praticantes.

Só para retomar (e em síntese).

A especialidade da minha irmã - que tem uma Pós-Graduação nisto - é promover a participação dos Deficientes Mentais na sociedade. Tratam-se de pessoas que sofrem de doenças como a esquizofrenia. E ela era uma funcionária pública exemplar. Começou a carreira na cidade de Divinópolis, no Oeste do estado brasileiro de Minas Gerais, depois passou em um outro concurso público, a fim de trabalhar mais perto da capital de Minas, Belo Horizonte.

Andréa Cristina foi a pioneira, se não me engano tanto em Divinópolis quanto em Contagem, em literalmente "correr atrás" de espaços culturais aonde ela pudesse levar os seus pacientes. Locais, como: museus, galerias de arte, cinemas e teatros. Minha irmã telefonava, explicava a importância de eles receberem os doentes mentais e conseguia ingressos gratuitos. Por isso, ela tem um compêndio de histórias hilárias, envolvendo seus pacientes. E outras emocionantes.