24 de janeiro de 2012

O que você anda aplaudindo?

Com nossas risadas, promovemos o comportamento destrutivo e negativo
de adolescentes, menininhas de 7 anos e até de sexagenários cruéis


(Fotografia de Kashif Mardani)

Basta observar uma criança. Bem Novinha. Novinha mesmo. Ela dá um reboladinho ao som de uma música ou simula que caiu de bumbum no chão, logo depois arranca risadas da mamãe, do papai, dos avós ou de alguma visita e... Está formada a sua plateia. Ela sabe que agradou e, com certeza, estimulada pelos adultos, repetirá o mesmo comportamento. Over and over again - como se diz em bom inglês.

Se você está lendo estas linhas que flutuam na tela do computador, certamente não é mais "uma criancinha". Contudo, quem garante que você e eu não viemos, ao longo desses anos de crescimento e de (suposta) maturidade, ecoando aquele comportamento infantil? Alguém nos elogia e... Estimulados pelo aplauso alheio, repetimos e repetimos e repetimos o mesmo comportamento. Ad infinitum - agora, em bom latim.

Pois é isso o que ultimamente vem me preocupando, internauta d'A Católica.

Muitas vezes, aplaudimos o comportamento de alguém excitados pelo calor da hora, da situação, e sem querer acabamos encorajando uma postura destrutiva diante da vida, que terá repercussões lá na frente, no futuro. É como "morrer de rir" daquele aluno mal-educado, que desrespeita o professor. Incitado pelos colegas de classe, ele fará isso de novo e de novo e de novo, porque "agradou", conseguiu chamar a atenção.

Pois recentemente soube do vídeo de um adolescente, menor de idade, que bastante embriagado, acabou fazendo bundalelê no meio de uma festa. Um grupo se reuniu para assistir ao vídeo e dá-lhe gargalhadas: todo mundo achou muito engraçado. É aí que mora o perigo. Sobretudo se se trata de um adolescente tímido, a filmagem e as risadas posteriores acabam lhe mandando uma mensagem, a qual ele pode interpretar assim: "Quando eu bebo, eu me solto, relaxo e... Agrado as pessoas. Vou fazer mais!".

Fotografia de Dani Lurie from London, United Kingdom

Já pensou? Podemos, muito sem querer, muito sem achar que "não tem nada demais", estar estimulando o alcoolismo num menino tão novo. Sério. Não estou exagerando. Há outros exemplos.

Numa noite, anos atrás, meu marido e eu aguardávamos o ônibus num ponto na Avenida Silviano Brandão, aqui na minha cidade, Belo Horizonte, quando chegaram uma mãe, suas duas filhas - uma com 5 e a outra com cerca de 7 anos de idade - e outras duas mulheres (tias das crianças?). Na época, a Rede Globo de Televisão exibia uma novela na qual uma atriz famosa interpretava uma dançarina de strip-tease.

Pois então.

2 de janeiro de 2012

Falar muito não adianta nada

Alguns pensam em não faltar mais à missa; outros, em parar
de fumar e há aquelas que querem emagrecer.
Minha meta pra 2012 é manter a boca fechada. CONSEGUIREI?


(Imagem: Cartaz de 1942 ou 1943 - Autor Desconhecido -
Fonte: U.S. National Archives and Records Administration)

Tenho 35 anos de idade e um doce orgulho...

... O de haver aprendido tantas coisas e ter outros zilhões delas a aprender. Minto. São dois doces orgulhos: o segundo é o de estar disposta a aprender. Porém, reconheço: adquirir conhecimento é fácil. Difícil é colocá-lo em prática. Por isso, neste primeiro Post de 2012, divido com você o meu mais recente aprendizado: não adianta falar.

Sempre fui faladeira. Desde bebê. E dessas crianças que, apesar de ser boa aluna, a professora se via obrigada a colocar lá na frente da classe, longe dos outros alunos, a fim de "fechar a matraca" e não atrapalhar ninguém a prestar a atenção na aula. Até hoje, pessoas próximas se queixam comigo: "Cale a boca, Ana Paula! Você fala demais!...".

Confesso: é um prazer organizar ideias, articular sons, expressar argumentos. Falar.

Todavia, neste 1º dia de janeiro de 2012, fui brindada com provas cabais de que é uma perda de ar, de saliva e de tempo tentar convencer alguém daquilo que só você experienciou. Muito pouca gente está disposta a abrir os ouvidos, inclinar o corpo em sua direção e desprender-se de suas convicções para tentar apreender (ou seja: captar) o que você diz.

Saio das conversas com pessoas "fechadas" completamente exausta e triste.

Não que eu tenha querido impor a qualquer uma delas o meu ponto de vista. Minha frustração reside em que nenhuma esteve disposta a me ouvir, a me entender. Eu digo: "O lápis sobre a mesa, de onde eu estou, me parece vermelho". Sem nem ao menos virar a cabeça para dar uma olhadela no móvel, meu interlocutor afirma: "Não. É verde".

E quando o interlocutor é uma pessoa bem mais velha?