26 de agosto de 2013

Balada da Noite Escura

(Imagem de Ronald Carlson)

A noite tem um silêncio que me comove. Havia cachorros latindo há pouco. Mas eles se calaram. Um barulho pequeno e persistente prossegue como se viesse de dentro da minha cabeça - sei, porém, que é o motor da geladeira trabalhando lá na cozinha. Afora isso, mais nada. Nem um carro escorregando no asfalto no outro lado da rua, pra lá do buraco fundo. Nada.

O breu da noite convida à introspecção. A debates gostosos e intensos dos 2 lados de nós mesmos: aquele que quer prosseguir, aquele que quer refletir. De noite, inebriados pelo sono, prometemos fazer e acontecer: recomeçar um projeto, retomar uma meta, recobrar um caminho. Amanhece, porém, e somos fracos - como naquele poema de Fernando Pessoa, travestido de Álvaro de Campos: Tabacaria.

(Não vou falar do amanhecer. Está de noite. E está tão bom.)

Protegida pelo cobertor negro, onde pequenos holofotes que avisto pela janela pontilham, começo a perceber que nem tudo é tão ruim quanto parece, nem tão irrevogável quanto acredito. A calma e a segurança, que esse cobertor noturno me confere, levam-me a ponderar que sim: na minha serenidade pode residir uma chave para atravessar a pedra bruta, crua e espessa chamada cotidiano.

Somos tão impacientes por mudanças drásticas! Queremos o Niágara para revolver o que nos incomoda, o que nos aborrece, quando o dito popular tem a resposta: "Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". Falta a sabedoria que insistentemente minha mãe querida tenta me passar "por osmose", mas que só este professor velho, sisudo e barbudo nos dá depois de muitos anos: o Sr. Tempo.

O barulho diurno não me deixa entrever esta luz que, paradoxalmente, a escuridão da noite me traz: com zelo, cautela e muita paciência, apesar de alguma tristeza, é possível passar pelas 24 horas do dia com muita dignidade e certa alegria. E - por que não? - até mesmo uma sensação de liberdade.

Isso mesmo: não digitei errado. Você não leu enviesado.

Quando se assume o próprio destino, quando se abraça a própria sina, aquele passarinho de asas molhadas e fechadas que habita dentro de nós começa a estendê-las, a secar as suas penas, a esticar as perninhas para alçar um voo alto, bem alto, lá no alto, rumo a não sei onde. Não sei. Juro que não sei.

Só sei que muitas vezes na minha vida os lugares mais tocantes em que estive foram justamente aqueles como este agora: simples, sem nada de especial. Apenas uma cadeira, uma mesa, eu mesma, esta janela com a persiana cor de creme aberta e esta vista da noite escura a me envolver, enquanto penso que viver é bom. Apesar do medo, apesar do nada. Apesar de tudo.

Fotografia de Ronald Carlson


17 de agosto de 2013

1, 2, 3 e... Já: A CATÓLICA faz 3 anos!


Blog celebra a data refletindo sobre o emblemático número 3
e (imagine só) um programa de TV de sucesso no Brasil: A Fazenda

Imagem de Alvaro-SJC

O Blog A Católica faz aniversário. Três aninhos singelos. Só o começo. (Eu espero.) E, para brincar de pensar - coisa que adoro -, comecei a trazer à tona tudo o que me remete ao número 3. Vejamos...

... Aos 3 anos de idade, pela 1ª vez, segurei um bebê nos braços - é só conferir o Post Para o Menino de Sampa: Tio Dut. Aos 3 anos de idade, aquela que viria a se tornar a minha melhor amiga - vide outro Post do Blog: Minha melhor amiga ficou mais velha - impediu a mim e a minha irmã, Andréa Cristina, então com 9 e 8 anos de idade, de brincar com os brinquedos que ela havia acabado de ganhar de aniversário! Uma pirralha dizendo "Não" a duas crianças maiores!...

Mais números 3: quando se acha "uma lâmpada mágica" e se esfrega a danada bem, bem mesmo, surge "um Gênio" e temos direito a 3 pedidos. Os porquinhos da historinha são 3: o primeiro fez uma casa de palha; o segundo, uma de gravetos e o terceiro, mais trabalhador, uma de tijolos. As fadas da Bela Adormecida, que tentaram reverter o feitiço da fada malvada, eram 3. Você se lembra de mais alguns números 3?

Quando São Longuinho nos ajuda a encontrar algo, temos que dar 3 pulinhos. (Há quem dê 3 gritinhos.) Quando apostamos corrida, dizemos: "É 1, é 2, é 3 e é... Já!". Uma refeição completa é feita de 3 partes: entrada, almoço (ou jantar) e sobremesa. E não posso me esquecer do que me remete ao 3 e de que diariamente me lembro ao fazer o Sinal da Cruz, qual seja, a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

Há também Os 3 tenores: Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti. E Os 3 Patetas do cinema. No pódio olímpico, na Fórmula 1, em qualquer modalidade esportiva, só há lugar para 3 lugares: O primeiro, o segundo e o terceiro. Os demais só recebem pontos ou medalhas de participação. Três, portanto, é um número emblemático. Não digo que melhor do que os outros, porém, especial.

Agora, uma alusão bem atual. Tola, fútil, mas que está "na boca do povo" aqui no Brasil.

Nos anos 1980, havia no meu país 3 supermodelos: Luíza Brunet, Xuxa e Monique Evans. Até hoje elas "estão na mídia", ou seja, são notícia, frequentemente aparecem lindas e bem-vestidas nos noticiários. As 3 tiveram 3 filhas que estão entre a adolescência e a faixa dos 20 e poucos anos de idade. Luíza é mãe de Yasmin Brunet; Xuxa, de Sasha Meneghel e Monique, de Bárbara Evans.

Yasmin e Bárbara são modelos e Sasha, além de posar para fotos e desfilar como elas, também joga vôlei.

Justo Bárbara, na minha opinião a mais bonita e simpática dentre as 3 jovens, acabou por escolher participar de um reality show chamado A Fazenda, que reúne celebridades que estão desempregadas e desesperadas por dinheiro. Nota: sua mãe Monique Evans já havia participado de duas edições anteriores do programa.

A modelo Bárbara Evans - Fotografia de Barbara Evans