8 de dezembro de 2011

Tornando o NATAL mais prazeroso

Tenho uma teoria sobre adultos que não gostam do Natal.
Ela revela por que devemos dar importância a essa Data Especial

(Fotografia de Ana Paula~A Católica - acatolica.blogspot.com)

Nunca vou me esquecer de quando li numa das edições da revista brasileira Cláudia uma frase e tanta atribuída ao poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) : é preciso erotizar o cotidiano. O verbo - que poderia causar polêmica num Blog católico - significa apenas, conforme apreendi da leitura da reportagem, tornar o cotidiano mais interessante, excitante, empolgante.

Li essa frase em torno dos meus 17 anos de idade. E acolhendo os conselhos da matéria jornalística, nunca mais consegui tomar café que não fosse em uma xícara (com asa), cuidadosamente colocada sobre um pires. Vinho, somente em taça apropriada. Talheres dispostos na mesa sobre um guardanapo. Os pães têm a sua faca; a manteiga idem. Nada de misturar, usando uma no lugar da outra.

Tudo isso, que soaria como futilidade e frescura, na verdade, guarda e reflete um desvelo indispensável com a vida, com nós mesmos, com a nossa rotina. Um café em uma xícara de porcelana, em vez de servi-lo em um copo de vidro, dá a ele mais sabor. Sério. É mais gostoso tomá-lo assim. E de cuidado em cuidado, a nossa rotina, da qual a hora das refeições faz parte, torna-se mais organizada e prazerosa.

Pensei nisso, porque estamos na época do Natal.

Com a correria, alguns de nós acabamos protelando o momento de parar com tudo para nos concentrarmos em adornar a casa - nem que seja somente montando a árvore ou o Presépio num canto da sala de estar. Acabamos deixando para lá, adiando... Assim, a noite de 24 de dezembro chega e o nosso lar segue com a cara de sempre: não nos preparamos para o Espírito Natalino nem mesmo com a decoração.

Usar a faca certa na manteiga, tomar vinho na taça, distribuir enfeites de Natal pela sala de estar...

... Atitudes que podem parecer "perda de tempo", num mundo - este no qual vivemos - onde cada minuto é precioso para produzirmos mais, ganharmos mais dinheiro ou simplesmente assistirmos mais à TV. "Pra quê taça? Tomo meu gole de Almadén no copo de requeijão mesmo!"; "Pra quê pegar a escada, alcançar o alto do armário e descer com aquela árvore velha e aquelas caixas com bolas vermelhas descoradas?"

Acontece que focamos o processo - pegar a escada, abrir a porta do armário, descer com os enfeites, desembalá-los, juntar as embalagens, subir na escada de novo, guardá-las, fechar o armário, pôr a escada no lugar... Ufa! Que canseira! - e nos esquecemos de mirar, lá adiante, o prazer com o resultado. A casa está ornada para o Natal, refletindo o nosso contentamento, a nossa abertura para um tempo diferente no calendário.

Papai Tuti montando a árvore de Natal em 2011 -
Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

Farney montando o nosso Presépio em 2011 -
Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

Então me lembrei dos adultos que não suportam este tempo. Adultos que ficam "melancólicos" e que até sentem repulsa pelo Natal. Sem saberem ou mesmo incapazes de localizar a origem desses sentimentos, alegam que dezembro é apenas um mês de "consumismo desenfreado" e que, por isso, não veem sentido na celebração.

Pois eu tenho uma teoria, internauta d'A Católica.

Para mim, muitos desses adultos, que declaradamente não gostam do Natal, apenas viveram em um lar que não dava a devida importância a essa data. Lares onde a mãe e o pai, independentemente da condição financeira, estavam nem aí (como dizemos aqui no Brasil). Não decoravam a casa, nem preparavam uma ceia diferente na noite do dia 24 de dezembro, nem mesmo trocavam presentes. Talvez toda a família fosse para a cama mais cedo. Sem se cumprimentar. Quem sabe até, entediada.

Criados em um ambiente que ignorava a magia desta época do ano, reproduzem hoje a indiferença e a tristeza que imperavam anos atrás. E isso é um perigo, porque aquilo que chamam de "bobagem" (enfeites e presentes de Natal), na realidade, é uma oportunidade imperdível de comemorar, alegrar-se, dar e receber e também orar, pedindo ao Menino Jesus no Presépio que (re)nasça nos corações e Se faça Presente.

Nosso Presépio, tal como estava em 2010 -
Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

É aconselhável erotizar o nosso cotidiano para torná-lo mais organizado e prazeroso. Uma mesa de café da manhã ou de almoço bem posta reflete o valor que damos àqueles momentos, encantando os nossos olhos, atiçando o nosso paladar, sensibilizando-nos para as noções de beleza e harmonia em meio ao aparente caos que defrontamos e à velocidade com que vivemos.

O ritual da decoração da casa para o Natal é mais do que um movimento externo: ele põe em ação forças, energias e emoções que estão em nós. Enquanto adornamos a sala de estar, ainda que não nos demos conta disto, vamos despertando em nós o Espírito Natalino, nossa melhor faceta, aquela que quer expressar o que há de mais belo no Ser Humano: a disponibilidade, a doação, o entusiasmo, o amor. O perdão.

Que não deixemos de anualmente, dezembro após dezembro, enfeitar o nosso lar para fazer memória à vinda de Jesus Cristo a esta Terra. Que o gesto de erguer a árvore ou posicionar as personagens do Presépio torne esta época jubilosa... Envolvendo a nós mesmos e a nossos filhos no Espírito de Natal. BOAS FESTAS!

Andréa Cristina finalizando a árvore de Natal em 2011 -
Fotografia de Ana Paula~A Católica (acatolica.blogspot.com)

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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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