28 de abril de 2023

Deus até espera, mas bora produzir fruto!

Imagem: Le vigneron et le figuier
(The Vine Dresser and the Fig Tree)
- 1886-94 - James Tissot

Chamada no evangelho segundo São Lucas de A figueira estéril, a parábola sobre uma árvore que não dá fruto é uma metáfora sobre a expectativa de Deus quanto a cada um de nós. Em seu livro As Parábolas de Lucas (Edições Loyola, 2005), Michel Gourgues afirma: "Aos olhos de Deus, o ser humano está sempre chamado a tornar-se mais do que é. Deus espera o máximo". Esse autor continua: "Produzir fruto é chegar ao ponto em que a lógica evangélica se encarne e desenvolva toda a sua fecundidade graças à transformação efetiva das maneiras de ver e de viver".

Antes de contar a história da figueira estéril, Jesus fora abordado por algumas pessoas que Lhe falaram sobre um episódio de repressão do prefeito Pôncio Pilatos. Os soldados da ocupação romana mataram um grupo de romeiros galileus, enquanto eles se preparavam para sacrificar seus cordeiros, possivelmente no Templo de Jerusalém, durante a Páscoa. A sabedoria do povo associava infortúnios como esse a um castigo de Deus por um pecado grave.

Mas, Jesus toma a palavra e opõe-Se a essa noção deturpada da justiça divina.

"Antes de tudo, Ele contesta o sistema farisaico e o consequente preconceito religioso popular que estabeleceram uma perfeita equação entre pecado e castigo e que, no caso presente, levavam a esta conclusão: nós somos justos, porque não merecemos esse fim horrível", Rinaldo Fabris relata em Os Evangelhos II (Edições Loyola, 2006). Porém, "a única maneira de escapar à ruína", o autor prossegue, "é a transformação interior e real dos homens, sobretudo a renúncia em autojustificar-se, tomando o lugar de Deus e tirando partido das desgraças dos outros".

Em suma, "Jesus diz que na época presente a boa sorte e o desastre não são indicação do estado espiritual da pessoa", Jerome Kodell pontua em Comentário Bíblico (Edições Loyola, 2014), "mas no julgamento que virá, os que foram maus experimentarão o desastre".

É sob o calor dessa exposição que Jesus conta a parábola da figueira estéril.

Como ela não dava fruto, impaciente, o homem que plantou a árvore diz ao viticultor: "Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno?". Todavia, o viticultor responde: "Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. Talvez depois disso dê frutos. Caso contrário, mandarás cortá-la".

Michel Gourgues analisa: "A árvore nada produziu, o vinhateiro tomará iniciativas, tudo fará para levá-la a produzir frutos. É a ideia da bondade atenciosa em relação aos pecadores". Ele continua: "A figueira deve chegar a produzir frutos, pois é para isso que existe. É preciso conservar bem em vista o ideal. Mas importa também saber consentir nos prazos. Não se deve exigir que a figueira produza imediatamente ou mesmo em um mês; deixemos a ela o tempo de que precisa, senão nunca poderá corresponder à expectativa".

Esse trecho da parábola ilustra a paciência misericordiosa de Deus para conosco. Contudo, Jerome Kodell alerta: "Agora é hora de apresentar evidências de uma vida dedicada ao Reino. O tempo pode até ser ampliado para nós como para a figueira estéril. Mas, no fim, o julgamento virá". Então, bora nos converter e produzir o fruto!

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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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