13 de janeiro de 2011

O tempo certo das coisas

Somos, muitas vezes, um bando de precipitados, que não têm
a paciência necessária para ver as sementes da mudança florescerem

No primeiro dia do ano, conversando com a querida Larissa Cristina e a Tia Fátima, expus-lhes que não acredito em mudanças céleres. São a mentira das mentiras. Uma pessoa pode até modificar-se, melhorar, vencer um vício. Mas não de uma hora para outra. Toda transformação leva tempo, empenho, suor, cair e levantar.

Padre Léo usou uma vez uma comparação ótima: o que se esquenta no microondas fica quente rápido, porém... Tem que tomar ou comer instantaneamente, senão esfria na mesma velocidade. Por sua vez, aquilo que se prepara no fogão à lenha demora mais a ficar pronto... Contudo, fica quente por mais tempo.

Por isso, dois alertas.

Cuidado com tudo o que parece melhor de uma hora para a outra. Pode ser conto do vigário. Balela. Outra coisa: não se desespere se você custa a superar um mau hábito, a subjugar uma inclinação ruim em você. Desde o vício em alguma droga (incluindo no jogo) até um comportamento seu que o incomoda, como: a preguiça, a luxúria, a gula, os pensamentos negativos, a melancolia sem fim...

... Não desanime.

SE você se tornasse a pessoa que quer tanto ser velozmente, aí sim haveria motivo com que se preocupar.

Porque o processo parece demorado, porque o tempo da renovação custa a chegar - eis o sinal de que a sua mudança será duradoura, profunda, forte. Arrasadora. Quando tudo parece tedioso, uma mesmice, e ainda assim você persiste, não obstante os momentos de desânimo, a nova vida está sendo gerada. E gerada para vingar (ou seja, prosperar).

Nós somos todos muito afoitos pelos resultados.

Foto de Dario Sanches from São Paulo, Brazil
E, lembrando outra comparação do Padre Léo, ficamos "de flor em flor, feito beija-flor" à procura de uma religião, de uma doutrina, de um pensamento, de um templo, de uma crença, de um guru, de um mestre, que (finalmente) nos indique o caminho mágico, que resolverá todos os nossos problemas. Se o sacerdote não nos satisfaz, trocamos de paróquia; se o guru não nos satisfaz, trocamos de templo e por aí vai.

Em vez de esperarmos o tempo certo de as ideias, a Palavra de Deus e os ensinamentos brotarem dentro do nosso coração e frutificarem, nossa ansiedade põe a perder tudo. E ficamos como nômades, sem uma fé madura, proferindo asneiras como: "Não vou à igreja, porque Deus não está apenas lá" ou "Eu não acredito em Deus, mas na energia cósmica do universo" ou "Eu acredito numa força maior"...

Caro internauta: estou ciente de que não são apenas os católicos apostólicos romanos que leem o Blog A Católica. E isso me deixa feliz. Mesmo.

Meu objetivo não é converter absolutamente ninguém. Padre Léo dizia que a consciência de cada pessoa é "um sacrário inviolável". Assim, acho lindo você, eu e cada um procurar e encontrar o seu alento na religião ou crença que lhe convêm. Por isso, quero apenas convidá-lo a fazer o que eu fiz.

Depois que conheci, de verdade, a doutrina católica, fiquei apaixonada. E perplexa. Apaixonada, porque, ao sabê-la, passei a amá-la. Perplexa, porque é dificílimo pô-la em prática. Ser cristão como a Igreja de Roma propõe é árduo. Entretanto, nem por isso eu desisto. Insto você a fazer o mesmo: conheça a sua crença para se apaixonar por ela e poder abraçá-la e assumi-la. Não a abandone, porque as respostas que você tanto quer demoram a chegar.

Fotografia de Mateus Hidalgo
Vamos ser como a cozinheira que, pacientemente, mistura o tacho à espera do ponto para o doce, o molho, a massa. Não vamos apagar o fogo, nem sair correndo, nem esquecer a caçarola em cima da brasa. Vamos mexer, mexer, mexer. Curtir o movimento, esforçarmo-nos para ajudar a comida a chegar ao estado perfeito: mole, meio tenro, duro. Só não larguemos a colher!

Nossa vida, e nossa vida conduzida segundo a nossa religião, é como o cozido na panela: requer nossa diligência e requer tempo para se converter em algo delicioso, melhor do que a matéria-prima, do que os ingredientes crus, antes de acendermos o fogo e nos dispormos a prepará-lo.

Não vamos verter a nós mesmos em petiscos frios, mal feitos, que pulam de tempero em tempero em busca de algum sabor. A mudança que tanto queremos depende da nossa paciência. De perseverarmos à beira do fogão.

Saúde e Paz!!


Fotografia do timer (início do Post), por muslimgalerie Bouh



~Ana Paula~A Católica
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