24 de janeiro de 2011

O patrono dos bloggueiros: São Francisco de Sales

Neste Post, você conhece a história do santo francês, dirige uma prece a ele
e descobre uma série de ensinamentos seus, que tocarão o seu coração

"Mansidão e persistência, o nome de vocês é Francisco de Sales."

A frase é minha. E de que outro jeito poderia definir o francês que:
1) lutou por 20 anos para vencer a própria irritabilidade?
2) Esperou quase 30 para ter a certeza de que a vocação ao sacerdócio era um chamado de Deus?
3) Passou "fome, sede, frio, humilhações e risco de vida", por três anos, para converter os suíços que haviam se tornado calvinistas?

O título deste Post d'A Católica seria: São Francisco de Sales - Alguém para se Amar. Entretanto, mudei de ideia ao reler em Um Santo para Cada Dia (Paulus, 1996), que "ele se tornou o patrono dos que se servem da escrita para difundir as verdades reveladas por Deus".

E por que isso? Porque, ante o fiasco das suas pregações em Genebra (Suíça), Francisco de Sales decidiu imprimir ou escrever folhetos com trechos de sermões, os quais colocava "debaixo das portas, nos muros e por toda a parte". "Ainda assim", os autores de Um Santo para Cada Dia frisam, "não teve muito sucesso".

Essa história não se parece um pouco com a nossa - bloggueiros católicos? Acredito que sim...

Dia após dia, escrevemos Posts revelando nossas convicções (oxalá) inspiradas pelo Espírito Santo ou doutrinas da Igreja para nossos internautas. Algumas vezes, nem somos lidos. Fazem com o nosso trabalho o que devem ter feito com os folhetos distribuídos por São Francisco de Sales: dão uma olhadela, amassam e jogam fora. Noutras, até nos leem. Porém, não até o final. Só uma (pequena) parte do nosso Post. Em seguida, deixam para lá.

E apesar de lidar com esse comportamento típico de alguns internautas, ou mesmo com a completa ausência de leitores, nós persistimos. Esse ibope parco ou inexistente não nos impede de prosseguir.

Afinal, quem sabe um Post que escrevemos não sairá por aí feito um folheto soprado pelo vento, Blogosfera afora, até ser descoberto por um internauta fortuito e necessitado de nossas palavras? É nisso que, no rasto do exemplo de São Francisco de Sales, nós apostamos (nós temos que apostar), certo?

Êpa. Há linhas estou falando nele. Mas, quem foi mesmo esse santo - que a Igreja recorda e celebra hoje, 24 de janeiro?

Francisco de Sales nasceu em 1567 no seio de uma família rica, em Saboia, na França. A pretensão de seu pai é que abraçasse a carreira jurídica, contudo, aos 26 anos de idade, depois de ganhar o título de doutor pela universidade de Pádua (Itália), optou pela vida eclesiástica. Tornou-se sacerdote em 1593. Um ano depois, aceitou a missão de reenvagelizar ou converter os calvinistas em Genebra, na Suíça.

Como dito logo no início deste Post, foram três anos de muito trabalho e privações e de resultados escassos. Ainda assim, Francisco de Sales não desanimou. Conforme Um Santo para Cada Dia: "Aos 32 anos era bispo auxiliar e dois anos mais tarde já era bispo titular de Genebra. Introduziu na diocese as reformas do concílio de Trento".

Um adendo: segundo Os Papas - Os Pontífices: de São Pedro a João Paulo II (Edições Loyola, 2004), o Concílio de Trento, que ocorreu entre 1545 e 1563, "definiu os sete sacramentos, a Presença Real de Cristo na Eucaristia e o papel da tradição ao lado do da Escritura (...), [moldando] a vida e o culto católicos até o Segundo Concílio Vaticano (1962-1965)".

Medalhas de São Francisco de Sales e Santa Joana Francisca de Chantal, por Defranoux

Prosseguindo, e de acordo com Os Santos do Calendário Romano (Paulus, 2007), "além de pastor zeloso e diretor de almas, [São Francisco de Sales] foi fundador de um instituto feminino (a Ordem da Visitação), com a cooperação de Santa Francisca Frémyot de Chantal [1572-1641]".

Com ela, que conheceu já bispo no ano de 1604, conforme a obra Os Cinco Minutos dos Santos (Editora Ave-Maria, 2006), "aprendeu o caminho da comunhão com Deus e resgatou o valor da mística para o povo cristão. Doravante, ser santo não será mais privilégio de religiosos, mas a vocação de todo cristão".

Nesse sentido, escreveu Introdução à Vida Devota (1609) - "espécie de breviário espiritual dos leigos, um livro de ascética [doutrina dos ascetas] ao alcance de todos que oferece aos cristãos de boa vontade uma via 'segura, fácil e suave'" (Os Santos do Calendário Romano). Também, Tratado do Amor de Deus que, segundo Um Santo para Cada Dia, "serviu para muitos hereges voltarem à Igreja".

Francisco de Sales morreu em 1622, foi canonizado em 1655 e proclamado doutor da Igreja no século XIX. O que isso significa? Conforme Professor Felipe Aquino, no livro Na Escola dos Santos Doutores (Cléofas, 2003):

Os santos, declarados Doutores da Igreja, receberam de Deus uma luz especial para a compreensão e o ensino das verdades da fé. Eles são, por isso, os melhores intérpretes da Sagrada Escritura, como disse certa vez o Papa João Paulo II. Seus ensinamentos são riquíssimos para o nosso crescimento espiritual.

O santo que lutou contra a própria inclinação à impaciência e apostou na docilidade no trato com o próximo, a ponto de afirmar: "Se erro, prefiro que seja por excesso de bondade que por demasiado rigor"; inspirou o nome da congregação religiosa dos padre salesianos, fundada pelo italiano São João Bosco (1815-1888). A ele, o francês manso e persistente, dirigimos a nossa prece.

São Francisco de Sales, Rogai por Nós!

Oração
(Orações Particulares, Editora São Cristóvão)

Ó Deus, que destes à Igreja São Francisco de Sales,
para manifestar Vossa bondade e misericórdia,
atraindo para Vós os filhos dispersos
por doutrinas contrárias ao Vosso Evangelho,
fazei que sempre vejamos nele, a Vossa presença e amor.

Fazei que a exemplo de São Francisco,
Vosso povo seja fiel à Vossa Palavra,
paciente nas provações,
confiante em Vossa graça e
zeloso pela causa de Vosso Reino. Assim seja.

Alguns ensinamentos de São Francisco de Sales

(Fonte: Na Escola dos Santos Doutores, Prof. Felipe Aquino, Cléofas)

- As melhores mortificações não são as que nós escolhemos, mas as que Deus escolhe para nós.

- A quem Deus não basta, nada basta.

- O leito de um doente é um altar de sacrifício.

- A grande fidelidade a Deus se demonstra nas pequeninas coisas.

- Todos os pensamentos que nos trazem inquietação não são de Deus.

- As crianças, vendo o lobo, correm logo para os braços do pai ou da mãe, pois ali se sentem seguras. Assim devemos fazer: recorrer imediatamente a Jesus e a Maria.

- Suportar os desprezos é pedra de toque da humildade e da verdadeira virtude.

- Nunca vos irriteis, nem mesmo abrais a porta à cólera por qualquer motivo. Se ela entrar em vós, já não poderemos expulsá-la nem dominá-la, quando quisermos.

- Deixar uma ocupação mandada pela obediência para nos unir a Deus pela oração, pela leitura ou recolhimento, seria afastar-se de Deus para nos unir ao nosso amor próprio.

- Deus é o Deus da alegria. A alegria é, portanto, a atitude da verdadeira piedade.

- Que importa se Deus nos fala entre espinhos ou entre rosas perfumadas?

- As grandes ocasiões de servir a Deus são raras. As pequenas aparecem sempre.

- À Igreja quero submeter para sempre meus escritos, minhas ações, minhas palavras, minha vontade e meus pensamentos.

- Não nos devemos perturbar à vista de nossas imperfeições, porque a luta contra elas não pode nem deve acabar antes de nossa morte. A nossa perfeição consiste em combatê-las.


Fotografia da imagem de São Francisco de Sales, por Père Igor


~Ana Paula~A Católica
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