15 de janeiro de 2011

Sem medo de escolher... E ficar alegre!

Que rumo seguir entre duas (ou mais) opções?
Use a prova dos nove! Já ouviu falar dela?
Poucas situações nos causam tanta aflição quanto não saber o que fazer. Faço faculdade de Medicina ou de Letras? Aceito o estágio na área que é o meu sonho ou continuo no emprego de sempre, que é salário certo todo mês? Caso com aquele namorado que está comigo há anos ou termino tudo (porque estou meio acomodada) e invisto numa nova paquera, numa nova relação?

O tempo todo fazemos escolhas que implicam perdas. E este é o lado chato que não queremos: se fico com isto, abro mão daquilo. Mas, abrir mão daquilo é tão duro! Eu não quero. Então, fico no impasse. Na dúvida. Causando angústia em mim e, algumas vezes, em quem está ao meu redor.

Sabe o que eu acho? Que no fundo todos sabemos muito bem o que queremos. O que realmente vai nos fazer feliz. Porém, temos medo. Só não sei se nosso medo é de ser feliz ou de dar um passo que será uma tremenda novidade. E novidades são horríveis - pelo menos, no início.

Apesar de aparentemente "extrovertida", na verdade, sou tímida. E tenho pânico de lugares que desconheço. Novidades me aterrorizam. E é preciso um esforço tremendo para sair de casa e encarar o mundão. Lembro o primeiro dia de aula em um colégio novo. Aquele bando de gente que nunca havia visto antes, aquela procura aflita pela sala de aula em um edifício enorme. Novidades são de lascar.

E é preciso escolher. E geralmente escolhemos entre uma coisa conhecida e outra desconhecida. Largar uma carreira na qual me dou bem e abraçar outra na qual não passo de uma iniciante... Que decisão dura! Deixar a casa dos pais, onde tudo me é familiar, e seguir um chamado para viver em uma comunidade como a Canção Nova, que opção arrojada!

A propósito, o gostoso de crescer em uma família que não tem muitas posses é que nossos pais não satisfazem todas as nossas vontades.

Dessa forma, somos obrigados a, desde cedo, aprender que não tem jeito: ou este brinquedo ou o outro. Não dá para ter os dois. Não há dinheiro para comprar os dois. Enquanto num lar de fartura, pai e mãe vão dando, dando, dando tudo o que a criança quer. Provavelmente, esse menino ou essa menina terão dificuldade de escolher no futuro, já que foram acostumados a ter tudo de uma vez.

E a vida não é assim. O que me lembra um poeminha da minha escritora favorita, a carioca Cecília Meireles:

Fotografia de Peter Griffin

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!


Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Não dá para me casar, constituir uma família, se me tornei celibatário ou padre. Não dá para ser atriz e médica ao mesmo tempo - a não ser que o teatro seja um hobby, e não uma carreira séria. Não dá para ter dois endereços. As contas do plano de saúde e da assinatura da revista têm que ir para um local. Preciso escolher: dou o endereço dos meus pais ou o da amiga com quem divido o apartamento?

A primeira consciência que precisamos ter (e retomando o início deste Post) é que, ao optar por algo, perderei aquilo de que abri mão. Vou me casar, então a vida de farra, de não ter horário para chegar em casa nem a quem dar satisfações - essa vida acabou. Aí, vou abarcar com os dois braços e as duas mãos a realidade que escolhi. Virei marido. O que implica isso e isso. E não aquilo nem aquilo outro.

Fotografia de Ann from Detroit
Temos que dar um OLÉ! no medo de escolher. E deixar de ser tão covardes! Ao mesmo tempo, não há por que sermos tão cruéis com nós mesmos. Às vezes, decisões difíceis levam um bocado de tempo. Um tempo, entretanto, razoável, e não milhares de meses nem de anos.

Quer uma mãozinha d'A Católica?

Aprendi com o escritor paulistano Oswald de Andrade que a alegria é a prova dos nove.

Já ouviu falar de uma operação matemática pela qual dá para verificar se a conta (qualquer conta, com quaisquer números - desde que inteiros) que acabamos de fazer está correta? Ela se chama prova dos nove (você pode entender o seu método aqui). Oswald, numa obra sua - não sei se Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) ou Serafim Ponte Grande (1933) -, instiga o leitor a utilizá-la: para saber se o que você escolheu foi o melhor para você, para a sua vida, faça a prova dos nove: se deixou você alegre, foi uma opção acertada!

Saúde e Paz!!


Imagem da bússula: Darolu


~Ana Paula~A Católica
Licença Creative Commons
Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
Este trabalho está protegido
por uma LICENÇA CREATIVE COMMONS.
Clique no Link para conhecê-la.