15 de outubro de 2010

Você se alimenta do que é ruim?

Padre Léo alertava: "A salvação entra pelo ouvido".
Acompanhar telejornais e novelas pode nos "ajudar" a imergir,
cada vez mais, em uma cultura da violência

Vivemos uma cultura da violência. Parece que para conseguirmos nos impor, para nos fazermos notados, para exigir respeito, só há uma forma: vociferar ou tocar no corpo do outro com brutalidade. Uma vez, uma colega de jornal (no tempo em que eu trabalhava como jornalista), recém-promovida a Redatora - pessoa que, entre outras funções, reescreve os textos dos repórteres -, desabafou comigo: "Ninguém me leva a sério". E por quê? Porque essa ex-colega minha era demasiado "doce", "educada".

Estou um pouco cansada dessa cultura. Uma cultura em que, para conseguirmos nos assentar dentro do ônibus, temos que "brigar", ainda no ponto, para embarcar primeiro. Cultura em que, para sermos atendidos na nossa vez, em um restaurante, só se for no grito. Cultura em que pais, maridos, chefes, professores só se fazem obedecer e ser tratados com reverência se... Ameaçarem, infudirem medo. E até cometerem "assédio moral".

Foi feito um altar para a violência. Ele se chama "tela". Tela da TV; tela do cinema; tela do vídeo game.

Uma vez, mais exatamente há uns 12 anos atrás, um ex-namorado me falou: "Tenho um segredo para lhe contar...". Curiosa, resolvi saber o que era. Ele ligou o computador e, na tela, apareceu uma estrada, em desenho animado. Então, surgiu um carro, que ele "dirigia". O jogo era o seguinte: quem atropelasse mais pessoas ganhava. Velhinhos e crianças valiam mais pontos. Não. Não é piada. Eu vi. Ninguém me contou.

Minha irmã, Andréa Cristina, sempre (sempre mesmo) me criticou: "Você é jornalista e não gosta de ver jornal!". De tanto ela me falar isso, acabei concordando: jornalista que não gosta de assistir a telejornal não pode ser jornalista. Deixei a profissão. Não gosto mesmo.

As emissoras de TV prestam culto escancarado e solene à violência. O que me interessa que o fulano lá da periferia matou sicrano com sete facadas? Eles dão a notícia como se isso fosse a coisa mais importante do dia e fizesse uma diferença enorme nas nossas vidas. Tem dois telejornais, cuja emissora (ironia das ironias) pertence a uma igreja cristã (!!), que não dá para assistir de jeito nenhum. Seja na versão matutina - na hora em que acordamos para tomar o desjejum - ou na vespertina, só dão tiro e morte. Morte e tiro. E só.

Padre Léo - meu Saudoso e Amado diretor espiritual - dizia para tomarmos muito cuidado com o que vemos e ouvimos. Se você estiver interessado em conhecê-lo (e residir no Brasil), basta acompanhar a TV Canção Nova todas as segundas-feiras, às 21 horas. Garanto, garanto mesmo, que valerá a pena.

Em uma de suas MARAVILHOSAS palestras, Padre Léo afirmou: "A salvação entra pelo ouvido". Se assistirmos a algo bom, com palavras de ciência e eternidade, nos faz bem, imagina o estrago que são para o nosso coração, o impacto que têm na nossa alma, na nossa saúde mental e até física, horas de telejornal. Na minha casa, eu proíbo o meu marido de sintonizar um telejornal chamado "Boletim de Ocorrências - B.O.", que passa em uma das emissoras abertas aqui no Brasil. Só tragédia, só desastre.

Nós todos precisamos ser mais seletivos com o que vemos, com o que ouvimos, com o que lemos. Essa era uma das lutas do Padre Léo. E tornei-me uma seguidora (quase) fiel do que ele propunha. Parei de assistir a telejornais; evito folhear revistas de fofoca, mesmo que só haja elas nos consultórios médicos e salões de beleza, e há uns dez anos não assisto a novelas - todas permeadas de sensualidade gratuita (além de mal-feita) e violência...

... Você deve se perguntar: "Como faz para ficar 'atualizada'?".

Bem, meu marido compra diariamente o melhor jornal de papel de grande circulação aqui em Minas: O TEMPO. Sim: também exalta a violência. Mas, é a forma que encontrei de estar (um pouco) a par do que acontece. Dou também uma olhada em telejornais da TV a cabo, como o Globo News, e procuro não perder o Canção Nova Notícias, que vai ao ar às 19h30 na TV Canção Nova.

No mais, leio poesia, tenho livros da editora Taschen, alguns distribuídos pela Paisagem, com grandes obras de arte (como: Van Gogh - Visão e Realidade, sobre o pintor holandês louco pelo amarelo), a Bíblia não sai das minhas mãos, acendo velas para meus tantos santos de devoção - até agora flameja a que acendi à Santa Teresa de Jesus, a minha dileta - e não deixo de assistir a filmes inspiradores, que me dão ânimo para seguir vivendo e avivam em mim a fé no ser humano, como Marcelino Pão e Vinho; Irmão Sol, Irmã Lua... E por aí vai.

"Carola", eu? "Desatualizada"? "Louca"?

Sim, vá em frente: me chame do que lhe aprouver. Tenho apenas a consciência de que, como já cantava Marisa Monte no CD Mais (1990), "Estou aqui de passagem". Se você ainda não atentou para isso, meus pêsames. Quero ser e levar para os Céus - ou o Purgatório, vá saber, né? - o que vi, ouvi e senti de melhor no mundo. Neste mundo que "não é meu e não é seu". Au revoir! Saúde e Paz!!

Da paz
(Os Cinco Minutos dos Santos, Editora Ave-Maria)

Deus, nosso Pai, é Vosso desejo que cada um de nós
conheça, busque, construa e viva a paz.
Não fiquemos acabrunhados e neurastênicos,
alimentando tristezas no coração.
Na aflição do espírito, possamos ouvir a voz do Mestre:
"Coragem, sou eu. Não tenham medo! Que a paz esteja com vocês!"
Em tudo busquemos a concórdia e formemos uma mesma família,
da qual sois o Pai cheio de ternura e misericórdia.

Na pressa e falta de tempo, dai-nos sabedoria e bom senso
de parar para escutar o Mestre dizer:
"Você se preocupa com tantas coisas,
e a vida é muito mais importante do que tudo isso!" (Lc 12, 22ss)

Busquemos o que nos une e repudiemos o que desune.
Em Jesus, somos todos membros uns dos outros.
Somos a rama de um mesmo tronco.
Somos as gotas que formam o oceano humano.
Na diversidade de dons possamos construir a solidariedade e a comunhão.


Ilustração de Frits Ahlefeldt (Click The Image)

~Ana Paula~A Católica
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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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