Nota: Este texto foi escrito poucos anos atrás - não registrei a data, mas certamente entre 2005 e 2007. Transcrevo-o hoje, porque foi mais um dia de "sofrer" uma nova crise de enxaqueca (o meu Espinho na carne). Aprendi com tanta dor a valorizar o nosso Maior Bem - ou o segundo maior, logo depois da Fé.
Eu me solidarizo com todos aqueles velhinhos de branco, enfileirados nas camas de hospital.
A imagem veio-me à mente quando me convaleci da minha alergia. Quando meu corpo colocou-se diante de mim de uma maneira tão atrevida, estridente e impertinente, que ele não se colocou "diante", mas sobre mim. Esmagou meu espírito, minha vontade, deixou-me perplexa e à mercê. À mercê do tempo que leva... Até a cura.
Estar doente - ninguém merece estar assim - é ficar com a cara de cera, os músculos flácidos, o sorriso esquecido, o olhar negro e perdido. A metáfora da doença, para mim, é uma jovem de cabelos pretos, a pele pálida, as sobrancelhas bem marcadas, de pé, dentro de um trem marrom de janelas verdes, a olhar muito séria e apática para uma paisagem verde e gélida, sob um céu branco. Detalhe: o trem não anda. E está-se cansada de ficar de pé.
Assusto-me ao ouvir alguém dizer que, quando a pessoa está mais suscetível, mais próxima está da condição humana. Como ousam? Estar no fundo de uma piscina, sem poder respirar, quase afogando - e contra a vontade - acaso é tornar-se "mais humano"? Não.
Não sei qual o papel da doença na vida. A não ser nos fazer lembrar que aquele comando que o cérebro dá - e que nasce na alma - para se levantar, erguer-se, caminhar, pular (se for preciso) e voar (se for possível) é algo tão precioso. Saúde é a minha palavra preferida.
Imagem: Wellbee - símbolo nacional da saúde pública nos Estados Unidos em poster de 1963, em que a personagem encoraja a população a receber a vacina oral contra a pólio (doença contagiosa que causa paralisias). Autor: Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
~Ana Paula~A Católica