Não obstante tantos obstáculos, até mesmo dentro da própria Igreja, consigo ver, além das montanhas: Deus, Nossa Senhora, o Espírito Santo e, claro, Jesus Cristo |
Moramos uns anos em Betim - na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Éramos criancinhas - minha irmã Andreá Cristina e eu - de 4, 5 anos de idade (se não me falha a memória). Lembro que para ir à capital, ou a BH, pegávamos um ônibus vermelho que fazia o trajeto por uma BR (rodovia federal, aqui no Brasil). Então, numa dessas viagens, perguntei à Mamãe Gali: "Estamos chegando?". "Sim." "Onde fica Belo Horizonte?" "Atrás da montanha." "E o parque [de diversões]?" "Também. Atrás da montanha."
E ficava mesmo. Com isso, aprendi que, mesmo sem enxergar, mesmo com aquele sol que ultrapassava a janela transparente do ônibus e embaralhava-me a vista, mesmo com aquelas enormes montanhas e montes verdes ladeando a BR, sim: havia a capital e os seus atrativos, como o Parque Guanabara, na Lagoa da Pampulha. (E eu tenho um orgulho danado de ele ainda existir e funcionar perfeitamente. É tão bom algo da nossa infância continuar existindo e com tamanhas cor e força!...)
Aqueles trajetos Betim-BH ensinaram-me a ver além das montanhas e a esperar. A viagem era longa, mas isso não significava que não chegaríamos ao destino. Bastava ter paciência e... Curtir a jornada. Essa experiência, aparentemente tão tola, tão trivial, preparou-me para o que viria mais tarde. Como o meu retorno à Igreja Católica.
Retornei à Igreja Católica Apostólica Romana justamente quando denominações evangélicas ganham tamanho espaço, que fiquei sabendo que uma pastora de uma igreja Batista esteve no último domingo no Domingão do Faustão (programa popular de TV). Não bastasse isso, a maior emissora de TV do país inclina-se cada vez mais para o Espiritismo Kardecista, não só por meio de suas novelas, como pelos filmes em que investe (e que estão em cartaz nos nossos cinemas) e ainda nos noticiários de seus telejornais, histéricos em apontar "os erros" do Vaticano.
Apesar de tudo isso - e até de uma certa decepção que sofri com um pároco - meu amor pela Igreja permanece intacto. E parece mesmo que tudo conspira contra ela, contra a instituição que São Pedro foi o primeiro a liderar. E nesse "tudo", quero incluir os próprios fiéis.
Padre Paulo Ricardo, que atua em Cuiabá, no Estado do Mato Grosso, muito presente em programas e acampamentos da Canção Nova, bem, ele disse em uma de suas palestras em Cachoeira Paulista (sede daquela comunidade católica) que o problema da Igreja, atualmente, não é a perda de fiéis, mas justamente o contrário: o excesso de gente que se diz católica apenas da boca para fora. E, dizendo-se "católicos", e fazendo tudo errado, prejudicam a imagem da Igreja e, consequentemente, os autênticos católicos.
Um adendo: considero católicos da boca para fora especialmente aqueles que não praticam a maior lei de Cristo, ou melhor, a única lei que importa, qual seja, o Amor. Isso engloba aqueles que usam a Internet, especialmente a Blogosfera, para espalhar ódio, revanchismo e jogar uns contra outros com a desculpa de "defender a verdade".
Prosseguindo: não obstante canais de TV, outras denominações religiosas e mesmo católicos da boca para fora, aquelas viagens Betim-BH (como contei linhas acima) me ensinaram a ver através da barreira, da montanha. E mais longe de tudo isso que atrapalha a Igreja no cumprimento de sua missão de unir a humanidade no amor e para o amor a Jesus Cristo, eu vejo Deus sorrindo...
... Vejo Nossa Senhora estendendo a sua mão cheia de amor por cada um de nós, seus filhos. Vejo também o Espírito Santo plainando qual uma pomba branca, gigante, suave e luminosa a nos abençoar. E vejo o próprio Jesus, o Filho Unigênito, torcendo para que vençamos logo o trajeto e seus obstáculos, a fim de encontrá-Lo não em BH, a capital de Minas, mas em um outro lugar: a capital celeste - onde viveremos unidos e felizes. Para todo o sempre. Amém.
Fotografia: montanhas em Guilin, na China, por Peter Griffin
~Ana Paula~A Católica