No primeiro dia de 2010, olhei para o céu, vi uma "amiga boa e velha" dar as caras (ou a face) depois de um tempão... E escrevi uns versinhos pra ela. Imagem de Luc Viatour |
Fotografia de Nikos Koutoulas from Kozani, Greece |
Nota: Este poema foi escrito em 1º de janeiro de 2010.
Joia rara
Pela fresta da janela
confundi uma lâmpada
dum prédio vizinho
(numa visão de relance)
com a cara ampla e redonda da lua.
Depois de dias sem vê-la
(não para de chover no Brasil há dias),
é uma alegria rever
essa amiga boa e velha.
A lua está lá:
não serve como o sol
pra aquecer, fazer planta nascer,
bronzear, ler sem eletricidade,
pegar vitamina D, tirar mancha de roupa,
fazer massa crescer...
... Mas, é tão bonita!
Pendurada no manto
infinito e negro
como um enfeite adequado:
com ela a treva ganha humanidade
e a noite, graça.
Ah, lua!...
Tão pequenina diante do sol,
tão pequenina assim -
tão distante de mim.
Um fermento
no bolo da escuridão.
Um alento,
um recreio.
E pensar que, hoje mesmo,
no café da manhã
do primeiro dia de 2010,
falei que deve ser chato visitá-la:
tão cinza, cheia de pó,
um deserto
sem sentido no espaço.
Nessa visão de
relance
(pela janela do quarto)
mudei minha opinião:
você é quente, bela,
valiosa e rara.
Tome este poema
como um beijo terno
na sua face amiga e casta.
Fotografia de Bobby Mikul |
~Ana Paula~A Católica