Um inseto invadiu minha casa e encheu meus instantes serenos de perplexidade, interrogação e... Graça. (Este Post contém um poema d'A Católica.) Open Door on a Garden (Sem Data), Konstantin Somov |
Fonte da fotografia: Nieuw |
O Intruso
Que mosquito inoportuno.
Entrou pela janela na minha sala quente,
zanzou em linhas retas e circulares,
batendo asas negras e lentas,
até sair pelo outro lado da casa.
Não me trouxe amigos, nem presentes.
Nada.
Só este susto. Este pasmo.
Mosquito alvissareiro: lá fora,
tem vida.
As coisas, os carros, os ares, as formigas
também zanzam (só que velozes) e bradam:
"Estamos indo, Ana Paula!", "Estamos indo...".
Sou tão pequenina, mosquito preto,
mas não o bastante para voar com você.
Em você.
Cavalgando entre suas asas, cortando a atmosfera,
saindo do frio, imergindo no quente.
Me resta estalar os olhos,
ao vê-lo invadindo meu ambiente.
Deixando uma dúvida:
expulso você? Espero ir embora?
Esperei. Você foi.
Fiquei para trás - a mesa com o café posta
e Carla Bruni cantando doce na TV.
(Fim do impasse.)
Obrigada, mosquito preto.
Obra de 1993 de Leon Wyczółkowski |
~Ana Paula~A Católica