23 de agosto de 2010

Um olhar sobre Courtney Love

Courtney protege a retaguarda do marido, Kurt

(Imagem: Internet)
Assisti outro dia na televisão a um especial sobre a vida da cantora norte-americana Courtney Love. Courtney é aquele tipo de artista que não sai do noticiário... Policial. Não, ela não é nenhuma criminosa. É que, infelizmente, até bem pouco tempo atrás, Courtney era viciada em drogas, envolvendo-se em situações constrangedoras que culminaram até na perda da guarda da única filha.

Quem acompanha mais de perto o cenário musical internacional sabe que Courtney é mais famosa por ser, simplesmente, a viúva do também norte-americano Kurt Cobain. Cobain chacoalhou o rock no inicinho os anos 1990, com um som que logo foi denominado como grunge. Era líder da banda Nirvana. Em 1994, muito provavelmente devido ao abuso do uso de drogas, o cantor e compositor matou-se em casa com um tiro na cabeça.

Sempre achei que a culpa da morte de Kurt Cobain era de Courtney Love, que não teria sido uma "boa esposa" e, em vez de ajudar o marido a livrar-se do vício, estimulava-o ainda mais nisso.

Só agora, 16 anos depois, assistindo ao especial Behind the Music, do canal de TV a cabo VH1, vi o outro lado da história. O especial da TV foi lá atrás, no início dos anos 1960, quando ela nasceu, até abril de 2010, a fim de apurar todas as transformações por que ela passou até hoje.

Enchi-me de misericórdia e admiração.

Misericórdia, porque me dei conta de que muitas vezes, por trás de toda uma vida de envolvimento com drogas, está uma pessoa machucada, traumatizada e, sobretudo, carente. A história da infância e adolescência de Courtney Love é de cortar o coração: divórcio dos pais, abandono pela mãe, depois abandono pelo padrasto, várias casas de família e orfanatos até receber uma herança da avó e, literalmente, cair na vida por conta própria (e bem cedo).

Admiração, porque vi nela uma pessoa frágil sim; aparentemente "louca" - daquele tipo que escuta invariavelmente a expressão: "Nossa, que loucura! Não acredito que você fez isso!..." -, mas que tentou sobreviver da melhor forma que conseguiu. Com muita garra e coragem, sem conhecer ninguém, Courtney reconheceu a sua vocação e lutou até conseguir montar uma banda e vencer como cantora de rock.

Kurt Cobain carrega Frances Bean,
a filha que ele teve com Courtney

(Imagem: Internet)
Ela conta que sempre, a vida toda, teve muita raiva, muita raiva dentro de si e que, quando descobriu que podia "gritar" no microfone, aquilo foi "libertador".

E, ao contrário do que eu imaginava, com meus olhos de PREconceito, não era Courtney que instigava o vício do marido Kurt Cobain.

Além de estimulá-lo a diminuir o consumo e até a parar com o uso de drogas, no dia em que ele se matou, ela mesma estava em uma clínica de desintoxicação, limpando seu organismo dos anos de abuso de entorpecentes.

Foi revelador para mim perceber que, muitas vezes, vemos nos noticiários artistas envolvidos em escândalos e, sem conhecer a fundo a história ou seu outro lado, formamos e (o que é pior) propalamos aos quatro ventos a nossa opinião. Geralmente, de condenação.

Artistas metidos no uso e abuso de drogas não merecem as nossas críticas em rodinhas de fofoca nas festas de aniversário. Assim como uma roda de oração tem um efeito curativo sobre a pessoa por quem intercedemos, da mesma forma, ficarmos em festas falando mal de alguém, como de uma celebridade por exemplo, tem só o efeito de nos fazer mal e de prejudicá-las em vez de ajudá-las.

Ver o que ocorreu com Courtney Love despertou em mim apenas o desejo de rezar por ela, em vez de reprová-la - como eu vinha fazendo nesses anos todos.

~Ana Paula~A Católica
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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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