Nada é mais angustiante para mim do que o vazio de uma sala de espera... Preciso de gente. Mas, almejo ainda mais a Comunhão dos Santos! |
Uma vez assisti na TV à história de um homem que não morria. E ano após ano ele viu seus parentes e amigos morrerem, até ficar sozinho, pois já não conhecia mais ninguém. Que triste! Se a memória não me falha, o drama termina com ele atracado a um generoso tronco de árvore: sua única amiga era uma árvore centenária. Mas árvore não é gente, então a moral da história é que o tal homem ficou sozinho.
Tenho horror à solidão. ENTRETANTO, uma das coisas que mais gosto na vida é... Ficar sozinha. Parece um disparate, não? Mas é a mais pura verdade. Acho o fim da picada ser a primeira a chegar ou a última a sair. Sabe aquelas cenas de filme, nas quais os pais "esquecem" de buscar os filhos na escola e eles ficam lá... Esperando e esperando, naqueles imensos corredores silenciosos, diante daquele parquinho onde ninguém escorrega e as gangorras não balançam? Isso, para mim, é uma tortura.
Fui a uma psicóloga uma vez - há exatos dez anos atrás. Meu tratamento (se é que posso denominar assim) durou cerca de um ano e meio - eu mesma me dei alta. Talvez tenha errado, talvez acertei. Não sei. Sei que como sempre fui muito, muito, muito falante, quase não fazíamos dinâmicas com fotografias e imagens. Bastava eu... Falar.
No entanto, uma vezinha só, a tal psicóloga me pediu que eu levasse um cartaz com fotos de coisas e situações que me atraíam. Lembro que colei no cartaz uma página de revista, na qual havia um monte de pessoas alegres, posando em um belo barco a vela branco, velejando em alto-mar, sob um céu azul lindíssimo. O diagnóstico dela: "Você se sente sozinha, Ana Paula. Precisa estar no meio de gente...".
É mesmo um paradoxo: gosto de gente e, ao mesmo tempo, quero distância de gente. (!!) Parece que nos encontros que tenho, as pessoas sugam a minha energia. Saio de festas, etc. exaurida, como se, em vez de me divertir, eu tivesse "trabalhado". E muito. E duro. É um mistério. Então, pinço com cuidado os eventos a que devo assistir ou frequentar, porque sei que voltarei triste ou esgotada ou tudo isso junto.
O que sei - e tenho a certeza disto - é que não nascemos para estar sozinhos.
E é gostoso demais saber que, ao contrário daquele homem da história que vi na TV, morreremos num dia. Sim: a morte me alegra. E muito. Não quero viver para sempre. Quero gozar da visão gloriosa de Deus para sempre - isso sim. Não gostaria de enterrar pais, marido, irmã, padrinhos, minha última avó viva, primos queridos, tios e conhecidos e restar sozinha na Terra. Por isso, mal posso esperar pela Comunhão dos Santos (quando formarmos um só corpo com Cristo)! Com eles sim, minha energia não se esgotará nem me sentirei triste.
Fotografia de Sharee Basinger
~Ana Paula~A Católica