Me deram meia hora para escrever alguma coisa sobre qualquer coisa. Então, vamos lá. Fico imaginando como deve ser estranha a vida sem a perspectiva do Céu, do Eterno, de Deus. Se não fosse a minha fé, eu já teria desistido há muito... De muito. Falo nisso, porque nos últimos dias chegaram notícias realmente chatas até mim. Brigas, desentendimentos, separações. Não julgo. Nem digo que foi fraqueza dos outros: os Céus bem sabem como é árduo conviver e relacionar.
Se me perguntassem qual a raiz de todo o mal, eu responderia que são três: falta de fé, ter o dinheiro como meta principal e as pressões alheias. E está tudo interligado.
Anos atrás (bote anos atrás nisso), li uma frase da atriz norte-americana Marilyn Monroe que até hoje, sem querer, norteia a minha vida: "Não estou interessada em dinheiro. Só quero ser maravilhosa". Eu tinha nove anos de idade, vi essa frase estampada numa das edições da revista Manchete, da Bloch Editores, que meu avô João Câncio comprava com regularidade. Na hora, pensei: "Essa é uma boa meta de vida".
Só que a gente cresce e descobre que o dinheiro é importante, diria mesmo, essencial. E, de coadjuvante, de meio para nos permitir uma vida digna, equilibrada, maravilhosa, ele se torna algo que determina quem vai querer se relacionar conosco, quem vai "gostar" de nós, quem vai nos aplaudir, quem vai nos bajular.
Pais e mães, algumas vezes, na sua ânsia de que os filhos tenham uma vida bem longe das inseguranças financeiras, não admitem que eles façam escolhas "diferentes". Não têm a paciência necessária para permitir e esperar que floresçam numa atividade aparentemente "não-lucrativa". "Você tem que arrumar emprego!"; "Você tem que se colocar logo no mercado de trabalho!"; "Você tem que ser dono do seu nariz!".
Daí, nós temos centenas de milhares de jovens deprimidos. Eles até seguem o conselho dos pais e se tornam médicos, contadores, funcionários públicos, etc. bem-sucedidos. Porém, redondamente infelizes. Conheci uma moça da Caixa Econômica Federal, que me disse que tinha dificuldade de aprender os passos nas aulas de Dança Flamenca, porque tomava remédio "tarja preta" (lê-se: antidepressivo). Ela me confessou: "Eu odeio o meu emprego, mas não tenho coragem de deixá-lo...". Isso foi no ano de 2004.
Assisto de camarote a várias pessoas fazerem escolhas pautadas nisto: "Vou trocar de emprego, porque aquele vai me pagar mais". Pagar mais. Mais. Mais. Mais. Admiro a minha irmã, Andréa Cristina, que trocou de emprego só pra acompanhar o marido, que mudou de cidade. Esse sim é um motivo belo. Justo.
E assim me pergunto: por que só o dinheiro deve pautar as nossas escolhas? Pra quê morar longe de pais e irmãos só porque vai ganhar 2 mil ou 3 mil reais a mais? Pra quê mais? Pra quê? Pra entrar no shopping e comprar uma roupa cara? Pra exibir para os parentes nas reuniões de família as fotos da viagem que fez ao Nordeste? Pra falar que trocou de carro e agora tem um com direção hidráulica, injeção eletrônica e câmbio automático? Pra contar que o sofá custou 3 mil e 700 reais, como ouvi de uma prima?
Este Post está um pouco confuso, é verdade. É a minha mente trabalhando velozmente, enquanto me recupero das notícias que recebi nos últimos dias.
Não sei de quase nada da vida. Sou mera aprendiz e posso dizer que não caminho: mais caio do que ando. Um tropeção atrás do outro, ploft!, no chão.
Actresses Marilyn Monroe and Jane Russell putting signatures, hand and foot prints in cement at Grauman's Theater, 1953 - Publication Los Angeles Times |
Porém, de três coisas já sei: quem toma decisões na vida baseando-se em "salário maior", quebra a cara. Sempre. Principalmente, se essa escolha implicar viver longe, muito longe de pessoas queridas. Outra: pai e mãe que "pressionam" os filhos para serem o que eles não são cultivam vento e semearão tempestade. Por último: filhos que cedem à pressão dos pais não têm o direito de culpá-los por sua (futura) infelicidade.
Afirmo isso, porque nosso papel neste mundo, como os exemplos de São Francisco de Assis e de São Tomás de Aquino bem mostraram, é viver aquilo em que acreditamos. Mesmo que signifique decepcionar nossos pais. Temos que brigar pela nossa felicidade - e disso tratei no Post d'A Católica A sua vida é responsabilidade SUA. Nossos pais acham que sabem o que nos fará felizes. Contudo, por mais que queiram nosso bem, só quem está sob nossa pele (ou seja: nós mesmos) sabe o que nos satisfaz.
Tenho um montão de coisas para dizer ao meu filho, quando ele me compreender melhor (já que tem apenas 1 aninho de vida). A primeira será: "Seja o que quiser: de pintor da Feira Hippie, aqui em BH, a engravatado enfurnado em um escritório. Só não me escolha um emprego baseado em 'ganhar mais'. Escolha algo para lhe permitir a subsistência, mas que, SOBRETUDO, deixe-o contente. Faça-o feliz!...".
Termino este Post dizendo aos filhos para perdoarem os pais que pressionam. Dizendo aos pais para pararem de pressionar os filhos. E dizendo àqueles que mudaram de emprego atrás de outro "que pagasse mais" para terem paciência. Quiçá, voltarem atrás. A gente não precisa de tanto assim para viver, para sorrir. Quem tem fé, quem acredita que o lugar de se acumular tesouros é o Céu, tem tudo:
"Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração" (Mt 6, 19-21) .