6 de outubro de 2014

Formigas

Imagem: An illustration of the fable of the grasshopper and the ant
from a German edition of 1590

Acabaram os hospícios.
Refúgio? Só nos versos.
E eles não dão casa,
comida
nem roupa lavada.
Só uma injeção temporária.

A vista da cidade
com casinhas e prédios
feito maquete
é tão bonita!
Os carrinhos
que obedecem aos sinais
também.
E o carroceiro, o Seu
Polícia,
tantos outros malvestidos
correndo pra algum lugar.
Do alto, Deus examina:
"Minhas formiguinhas!".

De qualquer altura
somos formiguinhas:
iguais no suor do rosto,
nos ombros que carregam
o mundo,
na vontade de ser cigarra
e viver de cantar.

Sob efeito da poesia,
eu canto: "Ci, ci, ci, ci".
Quando ele passa,
é como pisada:
cruelmente esmaga
até não poder respirar.


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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