Um Post para minha prima Larissa Cristina, que vive em Sorocaba, contando-lhe por que deve assistir a esse filme imperdível (Imagem: cartaz promocional de Sobral - O Homem que Não Tinha Preço) |
Belo Horizonte, 3 de novembro de 2013.
Prima Querida,
Saudades de você!!
Hoje, depois de muito tempo, acho que desde antes de eu ficar grávida do Jaime Augusto, fui ao cinema - a uma sala de cinema - de novo!... E para assistir a um documentário - gênero que adoro. Quando soube (confesso que não me recordo de onde nem quando) que um filme sobre o grande jurista Sobral Pinto, de quem eu tinha ouvido falar remotamente, entraria em cartaz no dia 1º de novembro, não resisti: Farney e eu literalmente CORREMOS para ver!
Foi apenas 1h30 de duração. Pareceu mais. Não porque fosse maçante, mas pela quantidade de informações, de depoimentos, da riqueza da vida da personagem retratada.
Sabe, Larissa, a história do nosso país é riquíssima.
A gente chega a pensar, devido à insistente e massiva difusão das caras e bocas de personalidades de outros países (Einsteins; Thomas Jeffersons; Marie Curies; etc.), que grandes cérebros e grandes seres humanos faltam na história do Brasil. Aqui, parece que só há gente "interessante" nos gramados ou com o microfone em riste, apresentando programa de auditório. Vai ver que, por isso, o sonho de 10 entre 10 garotos brasileiros seja ser "jogador de futebol" e de 10 entre 10 brasileirinhas, "modelo e atriz"...
... Eu me pergunto:
- Por que nas escolas, nos Ensinos Fundamental e Médio, quando aprendemos História ou Estudos Sociais, nossos professores não nos apresentam incisivamente personalidades como Sobral Pinto?
- Por que programas de relativa audiência como o Fantástico, da Rede Globo de Televisão, não fazem uma matéria ostensiva sobre um documentário como Sobral, que é de suma importância?
- Por que a equipe jornalística do Fantástico prefere entrevistar o ator protagonista de blockbusters como Thor, em vez de contribuir para a bilheteria do cinema nacional e a formação da audiência brasileira, indicando longas-metragem como o que acabei de assistir nesse domingo?
Se crianças e jovens conhecessem Sobral Pinto, o trabalho dele, como esse jurista foi importante na história recente do Brasil, como ele SALVOU tantas vidas, será que alguns deles não "desistiriam" da carreira no futebol e de serem as novas Gisele Bündchens, abraçando o sonho de defender os excluídos?
O negócio, Lari, é que quando a gente pega o nosso canudo (ou os nossos canudos, como no seu caso), só queremos saber de começar a montar "o nosso patrimônio", "a nossa carreira", "a nossa família". E como canta Rita Lee na canção Barata Tonta: O resto que se exploda/ Feito bomba H. Sobral Pinto, a exemplo do poetinha Vinícius de Moraes, era o contrário de tudo isto que venceu: a ostentação, o acúmulo de dinheiro e o individualismo - como afirmou tão bem Chico Buarque de Holanda.
O documentário Sobral - O Homem que Não Tinha Preço prova que uma andorinha sozinha faz verão SIM. Quando ela tem fé (ele era católico apostólico romano convicto) e está em paz com a própria consciência, porque compreendeu a própria vocação e a leva a sério. Quando se faz este tipo de escolha, ter fé e viver sob o comando da consciência, não só nós mesmos, como quem está ao nosso redor se beneficia. No caso de Sobral, todo o Brasil se beneficiou.
Um beijo e... Fica a dica: se puder, assista ao filme.
P.S. TE AMO. Saudades do seu sorriso LINDO!...
P.S. Em entrevista, neta de Sobral Pinto e diretora de filme fala sobre avô - OABRJ Digital.