O cantor, compositor e pintor de Liverpool (Inglaterra) é exemplo de vocação vivida em plenitude, mesmo na Terceira Idade. Durante 2 horas, ele me fez sonhar... E CHORAR muito!... The Beatles, playing for the Dutch broadcast org VARA in 1964 - Guitarpop (talk) |
Paul McCartney performs in Dublin, Ireland on July 10, 2010 - Fotografia de Fiona |
Foi uma experiência emocional. Quando Paul McCartney entrou no belíssimo palco armado no Mineirão (Belo Horizonte, Minas Gerais, BRASIL), entoando a primeira música que aprendi a cantar dos Beatles: Eight Days a Week; meus olhos marejaram, comecei a chorar e assim foi toda a primeira hora do show...
... Nunca imaginei que um dia estaria numa apresentação do meu Beatle favorito.
Ele ali, lindo naquele terno azul bebê, camisa branca, gravata e calça pretas. "Boa Noite. É ótimo estar aqui em BH. Povo 'bão'!...", imitando o sotaque da terra onde nasci e vivo. "Finalmente, Paul veio falar UAI!", prosseguiu, antes de entoar All My Loving. Por vários momentos, o setentão que não perde o jeitão de rapaz se comunicou conosco, em bom português, arrasando com nosso coração já conquistado.
Entre inumeráveis trocas de violão e guitarra; ajeitadas estratégicas na calça preta que teimava em descer (conforme podíamos constatar pelos telões), gingados com o quadril e sorrisos marotos para a plateia, o show de Paul foi um desfile de canções que embalaram, sobretudo, a minha adolescência, nos idos dos anos 1990: Lady Madonna; Ob-La-Di, Ob-La-Da; The Long And Winding Road; Let it Be...
... A diferença é que eu não estava no chão da casa dos meus pais, de frente para o aparelho de som, e sim confortavelmente acomodada na cadeira cinza do setor Cadeira Amarela (!!), cantando junto a milhares de fãs. Não estava mais só. E não era mero vinil ou CD. Era "o cara" ali, uma formiguinha no palco, pela distância em que me encontrava, mas um gigante naquele telão de alta definição.
A cada linda canção - Another Day (uma das minhas favoritas); Your Mother Should Know; Eleanor Rigby -, lágrimas teimosas, inconvenientes, brotavam dos meus olhos: "Pela primeira vez, estou cantando junto ao meu ídolo. Paul e esse monte de gente. E, no meio dessa gente, eu!". E eu cantei... Como cantei...
... Em vez de fazer um show tendo em mente lançar novas músicas, o eterno bom moço de Liverpool (Inglaterra) decidiu nos premiar com uma obra-prima atrás da outra, de diversas fases de sua carreira longeva. E dá-lhe And I Love Her (1964); Blackbird (1968); Hi, Hi, Hi (1973); Junior's Farm (1974); Listen What The Man Say (1975); Hope of Deliverance (1993).
Os sanduíches que meu marido Farney preparou para meu pai e eu levarmos ao show + o livro que "devorei" na semana passada Fotografia de Ana Paula (acatolica.blogspot.com) |
Exibindo o ingresso na longa fila de entrada no Mineirão Fotografia de Ana Paula (acatolica.blogspot.com) |
Beatlemania passada de geração (Papai Tuti) para geração (eu): criança, ficava admirando as belíssimas capas dos discos dos Beatles; adolescente, passei a ouvir e a saber de cor (quase) todas as canções Fotografia de Ana Paula (acatolica.blogspot.com) |
O palco da turnê Out There em BH Fotografia de Ana Paula (acatolica.blogspot.com) |
Ecco Homo: Sir Paul McCartney (Daí em diante, só fiz chorar copiosamente de EMOÇÃO...) Fotografia de Ana Paula (acatolica.blogspot.com) |
Eu pretendia passar o show Out There - segundo li, sua nova turnê, que estreou justo na minha cidade, nesse sábado, dia 4 de maio -, com caneta em riste e bloco de anotações aberto (levei até uma lanterninha!). Tencionava anotar minhas impressões, registrar todo o repertório. Mas...
... Eu chorei! Por quê?
Só consegui me recompor a partir da contagiante We Can Work It Out: decidi me levantar e dançar - o que não significa que não tenha debulhado outras tantas lágrimas depois.
O ponto alto? Something, em homenagem a George Harrison. O ponto fraco? Bem, o som parou (eu escrevi parou) em Band On The Run. O som, porque Paul e Cia. continuaram tocando normalmente, sem notarem que nós não ouvíamos nada. Logo depois, em Back In The U.R.S.S., foi a vez de o som ressonar tão alto, que as caixas imensas chiaram e estou certa de que houve microfonia.
(Tudo bem. A perfeição é de Deus. Porém, que Paul vai "comer o fígado" do pessoal da técnica, tão logo saiba dessas falhas, ah, isso vai: ele é perfeccionista. Ouvi dizer que executa todo o show - a propalada "passagem de som" - no dia anterior ao das apresentações, a fim de se certificar de que está tudo Ok.)
Além de George, Paul homenageou o líder dos Beatles, John Lennon, com uma canção linda: no palco, apenas meu Beatle favorito e um de seus inúmeros violões. Pena que não sei seu nome. Não. Do violão, não: o nome da música... Êpa! Achei: de acordo com o set list do show, trata-se de Here Today. Sim: com certeza é ela.
Paul também declarou que compôs My Valentine para a terceira esposa, Nancy, e dedicou Maybe I'm Amazed para a primeira, Linda, a fotógrafa que se tornou tecladista das bandas que o acompanharam.
Em Paperback Writer - outra que eu adorava na adolescência -, o eterno Beatle anunciou que a guitarra com que a tocaria era a original, usada na gravação da música, no ano de 1966. Antes de entoar Being for the Benefit of Mr. Kite!, brincou: "E agora, um lançamento mundial..." - na verdade, a canção é conhecida na voz de John Lennon e integra o lendário álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, de 1967.
Paul McCartney e Linda McCartney - Wings - 1976 - Fotografia de Jim Summaria |
O encerramento, antes do BIS, foi apoteótico, com fogo no palco e fogos no céu em Live And Let Die. Ao começar Hey Jude, papai e eu decidimos "dar no pé", pois tínhamos receio de não encontrarmos táxi para poder ir embora. (Mais tarde, soube que Paul cantou outras seis canções - todas, da época dos Beatles. Ainda bem que não perdi nenhuma da fase Wings - a minha favorita depois do fim do Fab4!...)
Faltou alguma? Sim. My Love - outra que ele compôs pra Linda. E, conforme Papai Tuti, Tomorrow - que eu também amo de paixão. Ô música linda! Linda! Linda! (Se quiser, click em Tomorrow, para ouvi-la...)
Bem... Paul esteve em BH. Eu fui. Mal posso acreditar!...
O que me leva a um filme gravado na Inglaterra do eterno Beatle: Um Lugar Chamado Notting Hill. Anna (Julia Roberts) é uma atriz consagrada que, devido a um imprevisto, entra na casa de Will (Hugh Grant). Na saída, pede-lhe que não conte para ninguém que ela esteve ali. O pacato vendedor de livros responde: "Pode deixar. Vou contar apenas para mim mesmo de vez em quando, e mesmo assim não vou acreditar...".
Neste domingo, se meus olhos não estivessem inchados e ardendo de tanto chorar no Mineirão, juro, internauta d'A Católica, que tudo teria sido um sonho. E não é que foi? Cada vez que Sir Paul McCartney, o setentão, sobe ao palco com aquela energia, alegria e simpatia toda, prova que o amigo John estava errado: o sonho não acabou. Ele continua. E o que é melhor: emociona. No meu caso, faz chorar...
Antes do show, nos telões enormes de alta definição, imagens da vida e da carreira do eterno Beatle foram exibidas em meio a pinturas de própria autoria de Paul McCartney... Fotografia de Ana Paula (acatolica.blogspot.com) |
O final apoteótico em Live And Let Die: fogo no palco e fogos no céu Fotografia de Ana Paula (acatolica.blogspot.com) |
Para saber mais sobre a apresentação em Belo Horizonte:
1) New ‘Out There!’ tour launched in Belo Horizonte - Blog oficial da turnê Out There;
2) Paul McCartney lota recém-inaugurado Mineirão - site Último Segundo.