Tela: "Jesus Cristo em frente ao rei Herodes" Ano: 1480 - Artista: Martin Schongauer |
Evangelho Segundo São Lucas (Lc 23, 9-11) |
Este momento no final da vida de Jesus, em que O colocam diante de Herodes, demonstra que nem sempre quem cala consente.
Joseph Ratzinger, quando ainda não era o Papa Bento XVI, passou por algo quase semelhante.
Prestes a ministrar uma palestra para estudantes nos anos 1960, antes que pudesse falar, teve que ouvir ataques duros contra a Igreja feitos pela audiência.
Em vez de retrucar, pegou sua pasta e se retirou do local.
É o que se chama de "fuga heroica": para conservar a paz interior, escapa-se de um interlocutor desequilibrado, surdo aos apelos da razão.
Já que não pôde fazer como Ratzinger, Jesus deve ter Se refugiado dentro de Si mesmo, ao ouvir os escárnios de Herodes e as agressões dos sacerdotes e dos escribas.
Um exemplo a ser seguido por nós, que não gostamos de perder uma discussão: é melhor deixar os outros pensando se somos tolos ou não do que perder tempo em esclarecer (como li numa ocasião).
Jesus, então, optou por preservar Suas forças para as derradeiras horas da flagelação e da crucificação.
Afinal, nada do que dissesse minaria, naquele momento, o poder das trevas. Foi sábio, portanto, recolher-Se e ficar em silêncio.