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Evangelho Segundo São Mateus (Mt 5, 20) |
Isso pode nos deixar confusos, quando lemos sobre judeus repreendendo Cristo por haver supostamente desrespeitado um mandamento, como o do descanso no sábado.
Mas atentemo-nos ao que Jesus disse: levar a Lei à perfeição.
Escribas eram teólogos estudados e, na qualidade de juízes, tomavam decisões válidas em questões de direito religioso e penal.
Fariseus caracterizavam-se pela estrita observância de pagar o dízimo, seguir prescrições de pureza, rezar três vezes ao dia e fazer jejum duas vezes por semana. Autodesignavam-se "piedosos" ou "os separados".
Jesus nos ordena a ter uma justiça maior do que a desses dois grupos. No entanto, como isso seria possível, se escribas e fariseus eram cumpridores resolutos da Lei?
Quem estudou Direito sabe que uma lei deve ser interpretada. Muitas vezes segui-la ao pé da letra pode levar a um erro, a uma injustiça.
O Vaticano do Papa Francisco há pouco mais de um mês, pôs a ordem de Jesus em prática...
... Ao publicar o documento Fiducia supplicans, passou a autorizar os padres da Igreja a ministrarem bênçãos a casais homossexuais.
Sim: está no Catecismo da Igreja Católica que atos homossexuais são "contrários à lei natural" etc.
Porém, o Vaticano de Francisco resolveu levar a lei à perfeição. Em vez de se fiar na discriminação, penetrou no espírito do Catecismo, qual seja, o de aproximar de Deus quem quer que seja. Quem quer que o queira.
Nas palavras de Sua Santidade:
"Quando alguém pede uma bênção, está expressando uma petição pela ajuda de Deus, um apelo para viver melhor e confiança em um Pai que pode nos ajudar a viver melhor".
O Vaticano de Francisco, sem alterar um iota do Catecismo, cumpriu-o em seu sentido profundo.
Sempre que o amor, a compaixão e a misericórdia prevalecem na interpretação de um preceito, fazemos justiça.
Uma justiça muito maior do que a dos católicos que, semelhantes a escribas e fariseus, acham-se melhores do que os demais (do que o Papa!), por se apegarem à letra da lei.