Foto de gailhampshire from Cradley, Malvern, U.K. (CC BY 2.0) |
Evangelho Segundo São Marcos (Mc 9, 43-48) |
A despeito das dificuldades de se viver no século 21 - desigualdade social, violência etc. -, as facilidades são inúmeras, comparando-se com décadas atrás. Pra quem tem poder aquisitivo então... Nem se fale. Quase tudo está bem à mão: compras, viagens, entretenimento.
Os cinco sentidos são regalados com séries pra se assistir; fragrâncias importadas pra se perfumar; músicas em aplicativos pra se ouvir; alta gastronomia pra se provar... A lista é infinda.
Tudo isso faz crescer nosso apego pelas coisas do mundo. Pelos nossos bens (ou tralha), pela nossa vida.
Acontece que, ao menos para os que creem, estamos aqui para ajuntar tesouros no céu. Como entoa o cantor católico Dunga:
"O meu lugar é o céu/ É lá que eu quero morar/ Eu sei não vale a pena tanta fama, poder, grana/ Pois isso, tudo aqui, vou deixar...".
Há uma passagem bíblica na qual Jesus lembra esse fato de maneira veemente: Ele incita Seus discípulos a cortarem ou arrancarem mão, pé e olho, caso sejam ocasião de queda pra eles.
Pois é melhor entrar aleijado no Reino de Deus do que, estando inteiro, ser lançado no fogo que não se apaga.
Quando a mão é ocasião de queda? Quando eu a uso pra reter coisas para mim, quando não a estendo para O Outro. E o pé? Quando ele me leva pela via do hedonismo, fazendo da minha vida uma busca só pelo que me dá prazer.
E o olho? Quando me é ocasião de queda? Por exemplo, quando olho pra tudo com as lentes do preconceito, da arrogância, achando-me melhor que meu Próximo.
É claro que não preciso arrancar literalmente nenhum membro. Basta dar um novo uso para eles.
Afinal, enquanto estamos vivos, ainda dá tempo de mudar o curso da nossa trajetória, pra que ela nos conduza ao céu.