5 de junho de 2014

Que pena!

Tela: Marionettes (1903), John Singer Sargent

Que pena não sermos
marionetes!
Que pena não estarmos
sujeitos ao Apocalypse,
nem ao Gepeto!
Que pena não existir fios
pendendo,
pra domar nossas quedas,
dirigir nossa dança!
Que pena não sermos
nem de pano,
nem de espuma,
nem de madeira,
pro traço zeloso do artista
nos retocar a tempo!
Que pena eu não ter
duas tranças douradas,
as bochechas rosadas,
cílios compridos
e um sorriso pintado!
Que pena a ovelha
no campo
não cantar Olirei!
Que pena não podermos
todos
ser guardados pra sempre,
bem juntinhos,
quando o show acabar!


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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