7 de junho de 2014

Bandeirante

Tela: Diana the Huntress, Gaston Casimir Saint-Pierre (1833-1916)

Não sei como tem besta que não sabe dizer se o sentimento tem correspondência.
Tão óbvio: se tiro os óculos dos olhos míopes, vejo longe se gostam de mim.
Levei tempo pra aprender.
Num dia, comentei com a Kelly que gostava do Juliano:
"E ele? Gosta de você?"
"Não sei."
"Então é não."
Guardei pra sempre a sabedoria express: não sabe? Então é não.
Verdade.
Quando gostam, dão na cara.
(No bom sentido. Não naquele que a Maria da Penha enquadra.)
Não há timidez que cole um caboclo vidrado no chão.
Com mãos suadas, coração disparado, ele quer se expressar,
que o sentimento tá derramando,
que nem água em bacia lotada.
"Não sei."
"Então é não."
Luto pra transformar Não Sei em Sim
ou saio de banda?
Sabe a história do elefante que deu carona pro escorpião
e levou ferroada?
É da natureza do bicho picar.
E é da minha não escapar.
Permanecer. Desbravar.
Num dia, hei de dizer a outras Kellies:
"Enfim! Fiz o cabra gamar".

Tela: Diana and Cupid (circa 1761), Pompeo Batoni


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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