Foto de Andreas Bauer Origami-Kunst |
Não tenho nada.
Aceito migalhas.
Aprendi com Lázaro
a me pôr
rente à porta farta,
pra recolher
o que o vento arrasta,
sempre que ela abre.
Viver de restinhos
me ensinou
a ver máximo
no mínimo
e com muito pouco
vibrar.
Recolho farelos
e me delicio,
sonhando com a mesa
inteirinha,
que nem sei se um dia
virá.
Louvo a Deus
ao deitar,
que Esperança
não é coisa tangível,
que dá de alguém
roubar.
A minha
é seu braço-origami,
enfim, se desdobrar:
"Venha, querida.
Pode entrar".