Tela: Flowers (cerca de 1780), Jan van Os |
Nosso engano é achar
que ninguém vai notar.
Somos calados,
retraídos,
educados, mas não
invisíveis.
Nossa alma gorda
não passa despercebida.
Foi o que a bruxa pensou
ao pousar
no azulejo da área.
Preta e impassível,
asas estendidas,
tomando banho de sereno
na luz apagada.
"Parada assim,
quem vai me ver
e espantar?"
Eu vi.
(Como não,
com aquela largura
na pequena área?)
Ri por dentro:
ela achava
que me enganava.
Depois parei:
vida afora,
acreditei também
que fazendo o mesmo
me dava bem.