1 de maio de 2014

Amante cool

Tela: Night (1875), Alexandre-Auguste Hirsch

Vá, noite,
despenque
sobre as cabeças.

Escureça
a árvore,
a construção,
o rabo
de cavalo da menina.

Realce
o vermelho,
o verde e
o amarelo.

Faça a luz
de Edison
e Tesla
brilhar mais forte.

Aperte
os passos,
aumente
os riscos,
suspenda
gritos.

Você chega
e as portas trancam,
as crianças somem,
o pneu
que canta
o faz como ninguém.

Os passos
na rua
ressoam
no lar.

E nas janelas
dos prédios
altos,
o azul-claro
principia a tremular.

Não vejo
direito,
mas cheiro
melhor.

E todo o dia
a almejo
como a amante
cool
que não desaponta.

Que me abraça,
me beija,
me toma toda -
até que desfaleço,
pra me recompor
outra vez.


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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