Tela: Night (1875), Alexandre-Auguste Hirsch |
Vá, noite,
despenque
sobre as cabeças.
Escureça
a árvore,
a construção,
o rabo
de cavalo da menina.
Realce
o vermelho,
o verde e
o amarelo.
Faça a luz
de Edison
e Tesla
brilhar mais forte.
Aperte
os passos,
aumente
os riscos,
suspenda
gritos.
Você chega
e as portas trancam,
as crianças somem,
o pneu
que canta
o faz como ninguém.
Os passos
na rua
ressoam
no lar.
E nas janelas
dos prédios
altos,
o azul-claro
principia a tremular.
Não vejo
direito,
mas cheiro
melhor.
E todo o dia
a almejo
como a amante
cool
que não desaponta.
Que me abraça,
me beija,
me toma toda -
até que desfaleço,
pra me recompor
outra vez.