Tela: Oysters (1862), Édouard Manet |
O amor é o melhor enfeite.
Ouvi dizer. Verdade.
Quando amo,
sou comida crua
na panela quente.
Meu amor me faz.
Ele me descasca,
tira terra e pedras,
me lava,
me enche de ervas,
cebola e alho,
me embebe no óleo,
me esquenta.
Com borbulhas,
cheguei ao ponto.
Ele me tira,
me põe no prato
com um desvelo
de chef concentrado.
(Limpa as beiradas.)
E esmerada assim
desfilo no salão:
"Linda!"; "Apetitosa...".
Triste estrela:
meu amor me prepara,
mas não me tem.
Me enfeita pele e alma
pro paladar de outro alguém.
Tela: Still life with kettle (1867-69), Paul Cézanne |