7 de maio de 2014

Luto Sideral

Tela: Un matin de pluie (cerca de 1896-97), Henri Rousseau

O luto
no dia da morte
é só o mais
doloroso
de outros lutos
a vida toda
sentidos.

Um deles
passou por aqui:
fiz tudo ao meu
alcance -
até uma prece -,
e ele escapou
de mim.

A indiferença
que segue
a esperança
é como
arremesso
no vácuo
depois de mil
volteios
num voo aeroespacial.

Agora vago
ao sabor das
forças
que fazem
a Terra
e suas colegas
dançarem na Via Láctea.

Apesar do sol
imenso acolá,
Houston, we've had
a problem here:
não é bom.
Ser deixada
a anos-luz
à deriva
sem direção
a seguir.

Vontade que dá:
pegar
carona ligeira
num asteroide.
Mais mil volteios
até este amor... Sumir.

Tela: Quai d'Ivry (cerca de 1907), Henri Rousseau


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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