Tela: In Gopsmor (1905), Anders Zorn |
Algumas palavras
querem pingar.
Suspendo a caneta
e deixo:
lona, piscina,
arrepio.
Nas coxas,
o sol
que atravessava
o vidro
batia e ouriçava
os pelinhos.
No ar,
o cheiro de plástico
da bolsa
amarela de zíper,
com alças brancas.
Um gosto
de sorvete de
flocos.
Meus pés no chão.
O cabelo molhado,
grudado nas costas.
Mamãe me ensinou
a mergulhar.
Parei de súbito:
meu sutiã
saía do lugar.
Hoje,
não há marquinhas
no meu corpo claro.
Nem cloro,
toalha ensopada,
dedo enrugado.
Tenho esta
saudade das
boias vermelhas
que punha
nos braços -
não encontro
mais nada
que não me deixe
afogar.
Tela: Wet (1910), Anders Zorn |