29 de novembro de 2024

Aos que gostam de ouro de tolo

Foto: Raul Seixas (1972) - Fonte: Arquivo Nacional

"Ouro de Tolo" é um clássico da Música Popular Brasileira (MPB), que aprendi a cantar criança ainda. Eu só não entendia por que a canção se chama assim: pra mim, o título não evocava a letra, que fala de um homem frustrado, não obstante tantas conquistas - especialmente, materiais. Então eu cresci e descobri que a harmonia entre título e letra é afinadíssima: ouro de tolo é uma expressão pra tudo aquilo que não é valioso de verdade, que não passa de ilusão.

Todos somos atraídos pelo que brilha: ouro, prata, brocados, pedras preciosas... O carnavalesco Joãozinho Trinta numa vez teria dito: "Pobre gosta de luxo". Acontece que excesso de brilho ofusca a visão. Quem nunca tentou olhar para o Sol? É uma experiência desagradável para os olhos; como ficar obcecado por um ouro de tolo é a experiência desagradável de toda uma vida - como bem admitiu Raul Seixas, autor e intérprete da canção.

Jesus também sabia disso e Se esforçou pra dividir esta sabedoria conosco: o que realmente importa é como a pérola, que fica escondida na ostra, ou o tesouro, enterrado no campo. Fica no obscuro, é ignorado, não dá nas vistas. Não tem prestígio. Está nas entrelinhas, nas margens, nas periferias...

... Exatamente onde Jesus circulou, realizando preciosidades, como as curas. Para as quais Ele pedia que não houvesse publicidade, que continuassem onde aconteciam, onde a elite não ia: na sombra. Sombra. A mesma onde os dois cegos de Jericó viviam. E mesmo na total escuridão foram capazes de enxergar que Jesus era o Senhor, o Filho de Davi. Coisa que fariseus, escribas, saduceus, herodianos e romanos, com os dois olhos bem abertos, não conseguiram reconhecer.

Então, Jesus Se aproxima e os cegos Lhe pedem: "Senhor, que nossos olhos sejam abertos!". Eles queriam provar no corpo o que já experienciavam espiritualmente. E assim foi feito: começaram a ver o mundo. Tudo ao redor. E em vez de se deslumbrarem com qualquer ouro de tolo, com o luxo do qual Joãozinho Trinta falou, escolheram seguir um outro tipo de luz. Uma, cujo brilho não ofusca nem frustra. Decidiram seguir Jesus.

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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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