Antes de liderar os ingleses contra o alemão Hitler, George VI teve que debelar a própria gagueira - um outro adversário (muito) difícil |
Pode haver coisa mais gostosa na vida do que vencer a si mesmo? Não. Não mesmo. Nem a vitória em uma guerra contra o mais invejoso dos inimigos pode substituir a sensação de haver batido um defeito, uma fraqueza, uma limitação pessoal. Ontem, véspera de mais uma festa do Oscar, eu assisti embevecida a King's Speech (em português: "O Discurso do Rei"). Filme que conta a história do pai da rainha Elizabeth II (mãe de Charles, avó de William): Rei George VI. Que era gago. E superou a gagueira.
Eu era gaga. Uma "lady" gaga.
Lembro-me na 6ª série do 1º grau (hoje, do Ensino Fundamental), aos 11 anos de idade, lendo o capítulo 3 ou 8 do livro Dito, o Negrinho da Flauta, de Pedro Bloch. A pedido da professora e diante dos meus colegas. Constrangidíssima, gaguejando cada linha de cada parágrafo. E olhe que a "leitura" valia pontos para a disciplina de Português. Ninguém zombou de mim. Ou eu estava tão arrasada comigo mesma, que fiquei surda aos risos. Não sei ao certo. Só lembro a sensação de fracasso.
Espere. Minha intenção neste Post não é falar sobre mim. Só relatei esse trecho "horrível" da minha biografia, porque pude imaginar bem as agruras por que Albert (como George VI se chamava antes de se investir da dignidade de rei) passou.