Tela: "Teresa de Ávila" (detalhe) Ano: 1827 - Artista: François Gérard |
Evangelho Segundo São Mateus (Mt 24, 12-13) |
Antes de eu engravidar do meu filho, procurei o conselho do meu pároco. Expus pra ele meu receio de trazer à luz uma criança num mundo tão atribulado. Padre Éder me olhou fixamente e disse: "Eu nasci em plena Segunda Guerra Mundial. Quer adversidade maior do que essa?". Saí da nossa conversa com a ideia de ser mãe amadurecida.
Ao longo da minha vida de católica, lendo muitas hagiografias (= vidas de santos), constatei que o mundo realmente nunca experimentou a paz plena. Os santos mesmos costumam emergir em circunstâncias periclitantes, em meio a guerras ou perseguições.
Para citar um único exemplo, Santa Teresa de Ávila foi uma mulher que escreveu livros na Espanha do século 16, em plena Inquisição - rede de tribunais eclesiásticos com juízes e investigadores, para assegurar que hereges não abalassem a autoridade da Igreja.
A possibilidade de suas obras - ou quem sabe até ela mesma - serem queimadas numa fogueira era real, mas não deteve Santa Teresa de seguir a sua missão.
Portanto, sempre que alguém próximo a mim se queixa de que as coisas estão "difíceis" ou "piores", lembro as palavras do Padre Éder e as tantas hagiografias que li.
No século primeiro, Jesus já alertava que "ante o progresso crescente da iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Entretanto, aquele que perseverar até o fim será salvo". O que teria sido do mundo, SE a caridade dos santos houvesse esfriado, ante as tribulações que enfrentaram? Temos que seguir pelas trilhas abertas por eles e... Não desistir de fazer o Bem.