30 de janeiro de 2014

Super-Molengas, desativar!


Há rapazes que, ao contrário do Papa, não querem NADA

com a dureza: são "super-herois" do comodismo

Foto: grafite anônimo de Francisco como super-herói,
feito em uma rua de Roma (Itália)
próxima ao Vaticano. Fonte: em.com.br

Como mãe de um rapazinho, o tópico me diz respeito diretamente: acerta em cheio como a seta no centro do alvo. Podem ser apenas casos isolados ou uma amostra verificada e autêntica de um fenômeno maior. "O que é, Ana Paula?" É isto: floresce toda uma geração de homens-molenga. O quê? Que p... é essa?

Explico: aqui e ali, pululam exemplos de rapazes sem ambição. E nem falo do famoso sonho de ser "o maior jogador de futebol do mundo, de todos os séculos e séculos". Falo de ambições comezinhas: instalar um chuveiro elétrico; providenciar o conserto de um teto que ameaça verter água no próximo pé d'água ou procurar - e conseguir! - um 2º emprego (já que tem meia hora do dia vaga), a fim de incrementar a renda.

Nossos rapazes - ou alguns deles - preferem "coçar" (sim, fui vulgar) e esperar que tudo se resolva - lê-se: probleminhas cotidianos ou bem mais sérios - por si só. Eles não têm motivação nem força física nem moral suficientes pra tirar o traseiro (xi... Vulgar de novo) do sofá e fazer como muita gente: ir à luta!

Character co-created by Will Eisner.
Image from Wonderworld Comics #3 (1939)

Quando um Super-Molenga, que pode ter canudo ou nem haver passado na porta da universidade, encontra uma mulher financeiramente (friso: financeiramente) bem-sucedida, a mãe dele sai logo com esta: "Até que enfim meu filho achou a 'pessoa certa'! Boa, que vai dar um 'jeito' na vida dele!". Não dá. Não dá mesmo. Um Super-Molenga se contenta em ser sustentado. Ele finge que trabalha e a sua "eleita", a mulher que "conquistou", finge que acredita.

Aliás, os Super-Molengas - que podem até ter emprego, mas que geralmente saltam de bico em bico - costumam estar com um destes 2 tipos de companheira: OU a que depende do (parco) dinheiro dele OU a autossuficiente que, por beirar ou ultrapassar os 50 anos de idade, pensa que não vai "conseguir coisa melhor". Então, todo mundo sai ganhando nesse tipo de relação. Ou perdendo.

Quando uma mulher, nem tão nova, nem tão velha, em busca de seu lugar ao sol, de mangas arregaçadas, estudando e trabalhando, alçando seu voo profissional, tromba com um Super-Molenga, o enlace pode surgir, porém agoniza em breve. Aprendi com uma psicóloga que a relação de duas pessoas é como as engrenagens de uma máquina - pense no filme Tempos Modernos, do incrível Charlie Chaplin. Quando uma delas para de girar, de funcionar, e trava no tempo, detona todo o sistema.

Charlie and Chester Conklin - Screenshot from Modern Times (1936)

Retornando: se o Super-Molenga não muda, não se enche de um ímpeto equivalente ao da jovem ambiciosa, o relacionamento dança. (E não é ao som de Strauss.) A união - oficial ou não - termina e é a "grande" hora de a família do Super-Molenga, em vez de reconhecer a falta de ambição do sujeito como a Grande Culpada - eu não escrevi a única -, sair divulgando que tudo acabou, porque ele "já estava com outra". Em defesa do rebento rejeitado, sua laia o pinta de "garanhão"...

Cover of Jon Juan #1 (1950), Jerry Siegel and Alex Schomburg

Pra quê escrever sobre algo tão prosaico, mundano, "fofoca de salão"?

Porque por trás do Super-Molenga existe uma mãe. Uma mãe como a que vi num edifício onde morei: o filho era do interior de Minas e nos fins de semana ela ia ao apartamento que ele dividia com amigos pra cozinhar, limpar e (pasme) lavar os tênis tamanho 42 dele.

O que quero dizer é: o Super-Molenga tem (ou teve) uma mãe que a vida toda o tratou como bebê, ou melhor: como um incapaz; catando seus sapatinhos e brinquedos de borracha espalhados pelo chão; não o ensinando a dobrar e guardar o virol no armário nem as roupas na gaveta; não o orientando a enxugar em volta do lavabo depois de inundar tudo durante a barba; nem o incitando a, vez em quando, lavar a louça.

O Super-Molenga não é filho de chocadeira. E se as mães que trabalham fora (ou não) não se conscientizarem de que, em vez de instigar seus filhos a bater no coleguinha na escola, devem educá-los pra enfrentar suas fraquezas e preguiça crônica, estarão preparando pra sociedade civil um futuro... Gigolô. Forte? (Ainda hei de aprender a usar eufemismos.)

É uma questão de felicidade, de tornar palpável o Reino dos Céus aqui e agora, instruirmos nossos filhos pra ATITUDE. Porque (oxalá) poucas mulheres se dispõem a passar a vida como pilastras: escorando homens-molenga que vergam ante qualquer revés, senão ou mera oportunidade de trabalho. Super-Molengas: desativar!

Ilustração de Frits Ahlefeldt



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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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