Tela: Тачыльшчык (1928), Siarhiej Kaŭroŭski |
O que dá regularidade
à vida
são as coisas.
As páginas mudam,
ficamos diferentes:
o filho e pai vira avô
a filha e neta, mãe
e quem nem existia
surge na história filho.
Não nos reconheceríamos,
se não fossem
as coisas.
Como a pedra de amolar
que revi hoje.
Redondinha
com furo no meio -
páginas atrás -
era um volante
ou o anel
de um dedo imenso.
Depois descobri:
cinza e dura,
só servia pra apurar
o corte
das facas cegas da mamãe.
Partida ao meio, dois meio-
círculos:
eis como a encontro
na página deste dia.
Confortei-me em saber
que a pedra dura
ainda está por aqui.