Tela: The Oyster Girl (1882), Karl Gussow |
O que me mantém firme
é a lágrima
que vai saltar pros meus
cílios,
embaçar a vista
e embargar meu verbo.
Você vai querer retirá-la
e eu vou permitir.
Por isso
aguento este lodo,
esta água turva
e o céu cinza
acima de mim.
E estes pássaros
que não cantam -
azucrinam.
E esta cidade sem mar,
que parece um porto:
nômades;
meretrizes com banca
de santa
e capitães
que compensam no grito
e no tapa
a falta de grana no bolso.
Eu cultivo a minha
lágrima
no meio do burburinho,
mas no fundo de mim.
E não a revelo em vão:
meu pranto sentido
só vai reluzir
quando seu desembarque
me encorajar a me abrir.