Tela: Sentimental Song (1904), Bertha Worms |
As pessoas são como
violão.
Às vezes
estão como o do meu pai:
sob uma capa,
recolhidas num canto,
vez em quando lembradas.
Noutras
não lhes dão paz:
arrastadas de situação
a situação,
suportando todo ritmo
até a corda arrebentar.
Tem as reprimidas:
apenas compõem o ambiente,
silenciadas
contra a parede.
Muitas, operárias anônimas:
bases de aço
pra alguma voz poderosa.
Novas,
de braço quebrado,
fora do tom,
harmonizadas -
Como o violão,
só se dão a conhecer
a quem se achega
cheio de dedos.
Tela: Gitarzystka (1887), Franz Russ |