Tela: Lise cousant (1866), Pierre-Auguste Renoir |
Como não aspirar
às coisas gaseificadas?
Que fortuna a da fumaça
que parte modesta
pela fresta na panela
e a do vapor
que sai com alarde da chaleira!
Diferente de nós,
que mal arriscamos
uma ponta de pé,
sobem sem fardo
rumo ao ápice do teto,
da pitangueira
e mais além.
De onde avistam
nossas cabeças -
alfinetes coloridos
que a costureira dispôs
sobre o azul do vestido.
E também nossos problemas:
pontos ínfimos,
tecidos fragilmente,
que desmanchariam
com um peteleco displicente.