Tela: The White Ballet (1904), Everett Shinn |
As 24 horas dançam
bem-marcadas:
uma
dá a vez a outra,
como uma persiana
que se abrisse lâmina
após lâmina.
Não há tropeços nem
solavancos:
a madrugada se recolhe
pra manhã acordar,
que por sua vez perde
o brilho
pra tarde arder -
até que esta esfria
inibida
pela boca da noite,
cuja voz começa miudinha
e depois vai se projetando.
Um balé ensaiado
desde o dia da Criação!
Por que então se corrompeu?
Há tempos,
como quem perde o passo,
a escuridão se derramou
em redor
e nunca mais se encolheu.
Tela: The Star (1876-78), Edgar Degas |