23 de dezembro de 2014

O Balé

Tela: The White Ballet (1904), Everett Shinn

As 24 horas dançam
bem-marcadas:
uma
dá a vez a outra,
como uma persiana
que se abrisse lâmina
após lâmina.

Não há tropeços nem
solavancos:
a madrugada se recolhe
pra manhã acordar,
que por sua vez perde
o brilho
pra tarde arder -

até que esta esfria
inibida
pela boca da noite,
cuja voz começa miudinha
e depois vai se projetando.

Um balé ensaiado
desde o dia da Criação!

Por que então se corrompeu?

Há tempos,
como quem perde o passo,
a escuridão se derramou
em redor
e nunca mais se encolheu.

Tela: The Star (1876-78), Edgar Degas


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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