Tela: Mädchen als Glöcknerin (1875), Otto Piltz |
O sino da matriz
soava ao meio-dia
desde meus 12 anos.
Saudava Maria,
a mãe do Senhor,
e as mudanças no meu
corpo.
Uma solteirona o tocava.
Por anos,
dividiu ao meio o dia:
dava "Até logo"
pra manhã;
dizia "Bem-vinda"
à tarde.
Estava tão acostumada,
que o frenesi da juventude
me fez surda à novidade:
o sino calou.
Hoje,
qualquer dobre me embarga.
Não sei se choro,
porque a solteirona morreu
porque ela não viu o amor
ou porque o silêncio renitente
bate
que aquele tempo passou.