Tela: Ventania (1888), Antônio Parreiras |
O meu amor está antes
da chuva com vento.
No intervalo
entre as vagas.
Num dia de mormaço,
sonolento.
Na borboleta
que retoma o fôlego
um momento.
Na massa
que descansa
com o fermento.
Na cadeira
que ficou ao relento.
No moletom
que esqueceram na cadeira.
Neste hiato,
nesta vírgula,
nesta falta de acento.
No pulso lento
(as horas são cinzas),
mas firme:
ele há de acontecer
quando for o tempo.