6 de julho de 2015

Clarividência

Tela: Night (1870), Edward Burne-Jones
Noite em que não se distingue
coisa alguma:
umas joias em cima,
bijouterias embaixo.
Brilhantes que não esclarecem:
firulas.

Quanto mais escura,
maior a desenvoltura:
dispenso o cão e a bengala
pra não topar nos muros
e tomar estradas.
A rua toda, de noite,
é como o quintal de casa.

E de pé no alpendre,
bacia em punho,
separo o joio e o trigo
apenas no tato.
Em hora nenhuma
meu amor por ele é tão claro
como na noite sem lua
em que não vejo nada.


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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