27 de julho de 2015

A leitura

Tela: Ved frokostbordet og morgenaviserne (1898), Laurits Andersen Ring

Até ver o jornal, o que houve entre nós 2, eu não tinha entendido.
Repasso as sensações:
escorregão na escada? Nudez na multidão? Banho frio?
A verdade não é sutil: quando chega, faz alarido.

Chorei a noite toda
como o menino que perdeu a bola pra roda do conversível.
Você foi embora numa crônica - tenho dito.
E se eu não tivesse lido?
Aqui você estaria, decerto.
Embora na mesma nuvem de interrogações, desconfio.

Bendita verdade.
Porque não li outros textos, quantas não trago comigo?
Com quantas eu não topei, quando foi tão preciso?
Quantas não me afligem, quando isso é devido?

Em vão rasgar a folha,
embrulhar o peixe,
forrar o piso,
cobrir a janela:
oráculo ou mestre zen
seu propósito, bem-sucedido.

Uma leitura ingênua bastou e não caminhei mais consigo.


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Atribuição: Ana Paula Camargo (acatolica.blogspot.com).
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