Foto: Estação Central do metrô de Belo Horizonte (Minas Gerais, BRASIL) em 2009 - Autor: Clauzemberg Jardim |
O barulho dos vagões sacolejando, ouço aqui. Cadeiras brilhantes, nas quais me deslizava de um lado a outro. Portas se abriam, saíamos. Vinha outro, entrávamos. No início, o metrô de BH era de graça. Mamãe, Andréa, Flávio, Viviana e eu acumulávamos viagens. Hoje, vendo um quadro de Rothko com o metrô de Nova York, me dei conta: ainda estou lá. De shorts, arco no cabelo, vendo partes da cidade pela janela: Calafate, Carlos Prates, Lagoinha. No calendário dos homens, quase 30 anos. Mas foi ontem. Drummond estava certo: passou tão rápido, que foi ontem. Meu corpo reconhece assim. Não se passaram milhares de anos, não há jornais empilhados, prédios derrubados, vias alargadas, lojas que faliram e outras que chegaram, unidades da UFMG levadas pro campus: foi ontem. Nada de gente que partiu. Todos aqui. E eu não quero deixar aquele trem.